Augusto Mateus esteve presente em Idanha-a-Velha para falar do potencial da economia criativa
Futuro do mundo rural depende da criação de riqueza e de atrair pessoas
O economista Augusto Mateus afirmou sexta-feira, que o futuro do mundo rural depende da sua capacidade de criar riqueza e de atrair pessoas, e defendeu que “um dos erros do passado” foi a sua desvalorização.
“Seguramente que o futuro passa pelo mundo rural. O que nós não podemos acreditar é nos erros do passado e são muitos. Um desses erros foi a desvalorização do mundo rural”, referiu Augusto Mateus em Ida- nha-a-Velha, durante a conferência O Potencial da Economia Criativa, organizada pela Câmara de Idanha-a-Nova e pelo Jornal do Fundão.
Para o antigo ministro da Economia, não se trata de uma questão de fé, mas antes do conhecimento da realidade europeia e mundial. “Nada faremos a favor do mundo rural se formos apenas simpáticos”.
“Temos que criar condições para perceber que quando o mundo desenvolvido cria cada vez mais riqueza pela cultura, pela criatividade e pelo conhecimento, isso não está apenas nas universidades. Está nas pessoas simples, nos territórios identitários e portanto há uma nova oportunidade para o mundo rural”, sublinhou.
Por isso, o professor universitário defendeu que o mundo rural precisa de uma nova base de criação de valor, “onde não se cria valor não se atraem pessoas”, e de uma nova articulação “com o conhecimento, com a criatividade e com a atividade económica que é absolutamente essencial para fixar populações”. Augusto Mateus disse ainda que “não é uma loucura haver indústria criativa em Idanha-a-Velha” e sublinhou que atualmente os setores cultural e criativo “valem mais do que o setor do vestuário”.
O professor universitário referiu que a economia da cultura “é uma realidade pujante” e entende que o essencial para a economia criativa é produzir bens e serviços diferenciados.
“Temos que levar a sério esta economia criativa e o futuro do mundo rural”, advertiu. O economista alertou, no entanto, que foi feita muita coisa no País que é despesa e não investimento. “Uma despesa que não se paga a si própria, não é uma questão de economicismo, mas de bom senso”.
Idanha está a fazer “quase
tudo o que é razoável”
Por seu turno, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), disse que Idanha-a-Nova “está a fazer quase tudo o que é razoável que se faça” no âmbito das indústrias criativas.
“Idanha-a-Nova está a fazer quase tudo o que é razoável que se faça. A conjugação da indústria criativa, baixa densidade populacional e história faz todo o sentido. A indústria criativa tem de ser adequada a esta realidade geográfica”, referiu Pedro Saraiva.
O presidente da CCDRC, disse ainda que no Plano Operacional Regional do Centro (POR), que já foi formalmente entregue à Comissão Europeia (CE), “existe espaço para tudo o que se queira fazer ao nível das indústrias criativas”, desde que tenham “um contributo acrescido para a coesão territorial”.
Segundo dados apresentados pelo presidente da CCDR, na Região Centro existem atualmente 8.209 empresas no setor da indústria cultural criativa que criaram 11.844 postos de trabalho e apresentaram uma faturação de 362 milhões de euros, sendo que o resultado líquido se situou nos 17,5 milhões de euros. Pedro Saraiva recordou também que a Região Centro cresceu em inovação e é “a segunda região mais inovadora do País”.
O presidente da autarquia, Armindo Jacinto, defendeu, na sessão de abertura, a pertinência da realização em Idanha-a-Velha de um evento sobre economia criativa.
“É uma temática que supostamente não é muito natural num concelho com baixa densidade populacional, mas o mundo rural em Portugal tem de ser um espaço de oportunidade, um espaço diferenciador e um espaço de notoriedade”, sintetizou Armindo Jacinto.