APPACDM está em Castelo Branco há 40 anos
“Museu da Seda é a cereja no cimo do bolo”
A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Castelo Branco comemorou recentemente o seu 40º aniversário.
O nome da instituição que atualmente é frequentada por 442 deficientes e tem no seu quadro de pessoal 160 funcionários, sete professores em destacamento e 20 funcionários avençados, confunde-se com Maria de Lurdes Pombo.
A atual presidente da direção desta instituição albicastrense, foi também a fundadora da primeira delegação a abrir no Interior do País, em novembro de 1973.
Maria de Lurdes Pombo que veio para Castelo Branco um ano antes da abertura da delegação, era docente na APPACDM de Coimbra.
“O Interior não tinha nenhuma delegação. Abrimos em Castelo Branco com sete crianças e com poucos recursos. Apresentei o projeto ao Dr. Dias de Carvalho, que andava a acompanhar crianças com trissomia 21. A primeira direção, presidida por Dias de Carvalho incluiu ainda Maria José Castelo Branco, Benedita Grilo e o psiquiatra Helvidio”, recorda Maria de Lurdes Pombo.
A instituição começou por funcionar no Castelinho, cujas instalações foram cedidas pela Câmara Municipal de Castelo Branco.
“Fizemos um peditório para angariar verbas para a instituição e foi feito o último jantar dançante no Hotel Turismo. Conseguimos angariar na altura 18 contos”.
A instituição manteve-se no Castelinho até 1977, ano em que se transferiu para uma casa alugada, na Rua Ruivo Godinho.
“Nessa altura começou-se a pensar na cedência de um terreno para construir uma sede para a instituição”, refere Maria de Lurdes Pombo, terreno esse que acabou por ser cedido à APPACDM pelo então presidente da Câmara de Castelo Branco, César Vila Franca, mas cujas negociações se iniciaram ainda com o anterior autarca, Armindo Ramos.
De projeto
em projeto
A APPACDM avança então com uma candidatura ao antigo PIDDAC, para a construção da sede.
“O projeto foi aprovado e financiado em 80 por cento. A obra custou na altura 190 mil contos”, refere Maria de Lurdes Pombo.
Em 1987 é inaugurada a atual sede da APPACDM, pelo Primeiro-Ministro, Cavaco Silva, “que deu os últimos 20 mil contos para o pagamento da sede”, recorda a presidente da direção, acrescentando que a Câmara de Castelo Branco, uma vez mais ajudou a instituição que tinha ficado “sem dinheiro”, após a construção da sede.
Após a inauguração começou a funcionar a escola, o centro de atividades ocupacionais e salas de formação.
Mais tarde, como resposta aos pais, surge então o lar residencial. No início da década de 90, a APPACDM consegue a cedência da atual Quinta da Carapalha, em regime de comodato, renovável por 10 anos.
Uma vez mais, Cavaco Silva está na rota da instituição albicastrense. E é no Governo Civil de Castelo Branco, que o então Primeiro-Ministro faz a entrega da Quinta da Carapalha à APPACDM.
Maria de Lurdes Pombo recorda que a quinta se encontrava num perfeito estado de degradação.
Começam então a surgir os primeiros projetos para a sua reabilitação. Começaram pela agricultura biológica até que surge o centro serícola (criação do bicho da seda).
“Todos os projetos foram sempre criados para dar uma resposta social e de ocupação ao deficiente”, sublinha Maria de Lurdes Pombo.
Inicialmente, foram plantados 2,5 hectares de amoreiras na Quinta da Carapalha, que hoje servem para alimentar o bicho da seda e com o surgimento dos primeiros bichos, a APPACDM faz uma candidatura para o financiamento de uma máquina que veio do Japão.
“Foi a primeira máquina a vir para Portugal que ficou instalada num pavilhão construído pela Câmara de Castelo Branco. Antes de possuirmos a máquina o fio era feito de forma artesanal”, refere a presidente da direção da APPACDM.
Hoje são produzidos 30 quilos de sede por ano na Quinta da Carapalha e a instituição criou uma marca registada, a “ecoseda”.
A seda produzida pela APPACDM é comercializada e utilizada no Bordado de Castelo Branco.
Agora, o próximo passo é a construção do Museu da Seda, cujas obras já se iniciaram e que Maria de Lurdes Pombo espera estarem concluídas no final do próximo verão.
O museu, financiado pela Câmara Municipal de Castelo Branco, vai custar 800 mil euros e é, segundo a presidente da APPACDM, “a cereja no cimo do bolo”.
Vai ficar instalado na Quinta da Carapalha onde a instituição tem também um percurso turístico com aproximadamente três quilómetros de extensão e que pode ser visitado por todos, inclusivamente, pessoas com mobilidade reduzida.
Carlos Castela