Celeste Capelo
Apita o comboio!
O comboio Presidencial chega a Castelo Branco, é esta uma notícia em destaque num jornal semanário da nossa cidade.
Pessoalmente, tudo o que seja recuperar, contribuir para conhecer o passado, divulgar a história, seja de factos, de objectos, de religiosidade, de mitos, de tradições etc., em tudo isso eu me revejo com especial interesse. Por isso li com atenção redobrada, a notícia que nos descreve a história deste “diamante” dos Caminhos de Ferro como também é chamado.
Ainda no Sec. XIX, com regime monárquico vigente, a linha da Beira baixa é inaugurada e, certamente, o comboio teria o nome de Comboio Real. Desde 1910, data da implantação da República, o comboio passou a ser Presidencial, pois era utilizado por Presidentes da República.
O seu restauro foi financiado por uma candidatura que felizmente teve êxito, proposta pela Fundação Museu Nacional Ferroviário.
No próximo dia 18 vai fazer a viagem entre o Entroncamento e Castelo Branco. Vai ser interessante ver, hoje na era do TGV, como será, certamente mais cómodo, mas não tão rápido, este meio de transporte.
Fala ainda a notícia, dos viajantes mais emblemáticas (refere apenas alguns), que este comboio transportou, destacando os últimos Presidentes da República e do Conselho de Ministros.
É a propósito deste último viajante que transcrevo o penúltimo parágrafo da notícia, e cito: “Uma das últimas viagens aconteceu a 30 de Junho de 1970, quando acompanhou a urna de António Oliveira Salazar até Santa Comba Dão, onde o ditador ficou sepultado”.
Pergunto eu: o que é que a palavra ditador acrescenta à notícia? Estamos a falar do Homem ou do Comboio? Qual o interesse jornalístico deste qualificativo, ou quantificador, como a nova gramática designa?
São estes pequenos nadas que fizeram com que este personagem da história de Portugal tivesse ganho um programa de televisão onde era distinguido o melhor, ou maior personagem Português.
São estes pequenos nadas que, em toda a Europa, estão a fazer crescer a Extrema Direita, e que já se irá notar nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.
Esperemos, e voltando a falar do Comboio, que ele sirva para desenvolver o turismo e com ele o crescimento económico de que tanto precisamos.