João Belém
DUAS HIPÓTESES DE ESCOLHA ……
Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas têm perdas.
Augusto Cury
No dia a dia, somos constantemente colocados perante variadas decisões. Algumas são simples, como escolher o que comer no café da manhã. Outras, porém, são complexas e carregadas de consequências: mudar de emprego, terminar um relacionamento, comprar uma casa. Em todos esses momentos, a nossa mente opera, essencialmente, com duas hipóteses de escolha - uma rápida e intuitiva, outra lenta e racional.
A primeira é a decisão baseada na emoção e na intuição. É instintiva, quase automática. Muitas vezes, antes mesmo de pensarmos conscientemente, já sentimos o que queremos. Essa forma de decisão é útil em emergências, onde o tempo é escasso. Ela também se apoia na nossa bagagem emocional, em experiências passadas e perceções subjetivas. É como um atalho mental que permite agilidade, mas que, por isso mesmo, está sujeita a alterações e erros.
A segunda hipótese de escolha é a lógica e deliberada. Ela exige tempo, análise e ponderação. Esta abordagem racional busca pesar os prós e contras, considerar os dados adquiridos, prever consequências. É a escolha do planeamento, da paciência e da autoconsciência.
No entanto, ela pode ser lenta demais em contextos que exigem ação rápida e pode até paralisar quando nos perdemos em excessivas possibilidades.
Não podemos esquecer que há opções que se baseiam na nossa experiência, nos nossos valores e emoções (na mente e no coração).
Mas, mesmo que se cheguemos a uma conclusão pela intuição, não devemos confiar nela exclusivamente. Ela pode levar a julgamentos impulsivos e decisões precipitadas. Devemos usar primeiro a lógica e só depois a intuição para tomar e “sentir” a decisão certa.
Estas duas formas de decidir coexistem em nós. Em muitos casos, elas entram em conflito - o coração quer uma coisa, a razão outra. No entanto, não se trata de escolher uma e desprezar a outra. O verdadeiro desafio está em equilibrar as “vozes internas”, aprendendo a identificar quando confiar na intuição e quando é necessário parar e refletir.
Saber navegar entre estas duas hipóteses é uma arte. Exige autoconhecimento, sensibilidade ao contexto e, acima de tudo, humildade para reconhecer que tanto a emoção quanto a razão têm seu valor.
Afinal, somos feitos de carne e pensamento, de impulso e cálculo, de paixão e prudência. E é justamente nessa dualidade que reside a complexidade - e a beleza - de ser humano.