O mundo está confrontado com uma total alteração do status pós 2ª Guerra Mundial, que trouxe à Europa, à América do Norte, à Rússia, ao Japão, à Austrália e mesmo à China, oitenta anos de paz, dentro das suas fronteiras.
Esta alteração deve-se à eleição de Trump. Para ele não há aliados e inimigos. São todos adversários. As relações entre países não devem basear-se no respeito mútuo, mas sim na força. As leis não são para respeitar. Nem as internacionais, nem as nacionais. Nem mesmo a própria constituição dos EUA, nem os tribunais. Como já foi dito, parece que temos, não só um traidor como um bandido a governar o país mais poderoso do mundo.
A traição aos aliados europeus e também ao Canadá e outros membros da Nato é clara e escandalosa. Se, do ponto de vista comercial, até se pode aceitar que a relação existente não era tão positiva para os EUA como para os parceiros, é inaceitável a forma como Trump tem vindo a agir, porque, é claro para todos, que o prejuízo vai ser generalizado não só para os parceiros, mas também para os americanos. Mas do ponto de vista da defesa militar, a traição é inequívoca. O caso da Gronelândia é puro banditismo imperialista. Se Trump avançar pela força neste processo, em nada se distingue da besta russa no caso da Ucrânia. A intervenção de Trump, neste caso, aliás, só serviu, até ao momento, para permitir a Putin subir o tom e as exigências de destruição do país.
Aliás as estratégias de Trump e Putin parecem ser verdadeiramente irmãs. O mesmo sentido imperialista, o mesmo desrespeito pela lei internacional, o mesmo abuso dos mais fracos, a mesma cegueira de demonstração de poder.
A Europa precisa de reagir. A Europa é o mais forte mercado do mundo e está a ser continuamente ameaçada pela Rússia e pelos EUA, numa estratégia, que se não é realmente combinada, é como se o fosse. A Europa precisa de ter uma nova estratégia política e comercial. Precisa de dar mais consistência à sua dimensão económica interna, à sua dimensão militar e de defesa conjunta e à sua dimensão política estratégica.
Os inimigos internos desse aprofundamento europeu são precisamente os trumpistas e os putinistas, ou seja, a extrema-direita e alguma extrema-esquerda. É preciso confrontar de forma frontal aqueles que defendem as estratégias económicas ultra-liberais e protecionistas de Trump para a Europa. É preciso confrontar aqueles que defendem o desmantelamento dos sistemas de educação, porque preferem que os povos sejam ignorantes, aqueles que querem desmantelar os sistemas de proteção da saúde, porque querem desproteger e eliminar os mais fracos, aqueles que enchem a boca com tiradas nacionalistas contra a Europa para a enfraquecer face aos impérios e às influências de Trump e Putin, aqueles que são contra o reforço militar dissuasor europeu para que estejamos sob a tutela de Putin e Trump, aqueles que relativizam a democracia para promoverem autoritarismos, aqueles que estão “contra o sistema” para criarem condições à tomada do “sistema” para o colocarem à mercê dos trumpismos e putinismos.
É preciso confrontar seriamente os objetivos daqueles que estão contra a união da Europa, porque não se vislumbra outro propósito que não seja a verdadeira traição de nos colocar mais fracos face àqueles doidos varridos.
Estamos num tempo de grandes perigos. Precisamos de grandes decisões e decisores. Que alertem os povos de forma verdadeira e inequívoca para os perigos e confrontem as bestas.
É verdade que Trump foi eleito (de Putin não se pode verdadeiramente dizer tal coisa), mas a estupidez cega de muitos americanos, não tem de ser repetida pelos europeus. Na Europa é preciso conter a besta!

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