SUSTENTABILIDADE E CIDADE CRIATIVA DA UNESCO DE MÃOS DADAS
Comboio Vintage do Tejo “pode ser um dos motores da economia local”
O Comboio Vintage do Tejo, no passado sábado, 23 de novembro, voltou a partir da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, com destino a Castelo Branco, regressando depois à capital do País, de modo a permitir uma viagem turística que teve como protagonista o Rio Tejo. A iniciativa, que resulta de uma parceria entre a Câmara de Castelo Branco, a CP – Comboios de Portugal e o Museu Nacional Ferroviário, à qual se juntou a Câmara do Entroncamento, teve a sua primeira edição em 2022, nos dias 9 e 10 de abril, e, agora, depois da viagem do passado sábado, 23 de novembro, a próxima realizar-se-á no próximo sábado, 30 de novembro. De realçar é que em qualquer destas quatro viagens turísticas, a bordo das características carruagens Schindler, que datam da década de 40 e início da década de 50 do século passado e que foram recuperadas, a procura foi mais que a oferta, com os lugares a esgotarem.
No que se refere ao passado sábado, 23 de novembro, os viajantes-turistas foram 308, dos quais 80 no Programa 1, até ao Entroncamento, e 228 no Programa 2, até Castelo Branco. Isto enquanto no próximo sábado, 30 de novembro, os viajantes-turistas serão 303, dos quais 85 no Programa 1 e 219 no Programa 2.
O vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, Hélder Henriques, destaca que este é “um produto turístico de grande interesse para o Concelho e para a Região”, o que o leva a defender que “é um produto que tem de evoluir para alguma regularidade, que tem de ser trabalhada com os intervenientes, nomeadamente com a CP”.
Hélder Henriques sublinha que “o Concelho de Castelo Branco deve vender este produto como um destino sustentável, aproveitando a oportunidade para vender o território”.
Ou seja, a meta deverá ser “apostar estrategicamente em construir um destino turístico sustentável, no qual o comboio faz parte dessa estratégia de construção do destino”, não deixando de assegurar que “Castelo Branco tem todas as condições para ter esse selo ligado ao turismo sustentável, em articulação com o que estes comboios vêm vender, que é o selo de Cidade Criativa da UNESCO”, criando “uma ponte entre sustentabilidade e criatividade”.
Para Hélder Henriques, tudo isto “deve obrigar os poderes públicos a pensar o território a longo prazo”, uma vez que defende que “os territórios não podem ser pensados em termos de ciclos eleitorais, mas muito mais alargado”.
Com esta argumentação Hélder Henriques reforça que “Castelo Branco é um destino sustentável e há que vender também a Cidade Criativa da UNESCO. Há que pensar em Castelo Branco como destino sustentável, seguro e tranquilo, a médio e longo prazo”.
Perante isto Hélder Henriques garante que “sabemos qual é a visão para o território. Temos o produto mais imediato (Comboio Vintage do Tejo) que já foi experimentado e esgotou sempre” e adianta que “depois temos um lado mais estruturante, que se prende com um projeto submetido no final do ano passado”. Trata-se da rede A Linha que nos Une, da qual a Câmara de Castelo Branco é o município promotor, com o consórcio a incluir os municípios de Abrantes, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha e Vila Velha de Ródão, enquanto os parceiros são a CP, o Museu Nacional Ferroviário e do Turismo Centro de Portugal.
Hélder Henriques avança que “queremos valorizar a linha ferroviária, que deve ter um potencial do ponto de vista turístico”.
A candidatura, como adianta, “foi apresentada no final do ano passado e foi aprovada recentemente, com um valor global de quatro milhões de euros”.
Refira-se que com A Linha que nos Une – ITI Redes Urbanas, o que se pretende é dar resposta a desafios não respondidos pela abordagem CIM/AM, tendo por base uma lógica de intervenção sustentada na articulação entre centros urbanos (regionais e outros) que envolvam territórios de pelo menos dias NUTS III Ou NUTS II, através da criação de redes temáticas estratégicas desenvolvidas pelos municípios e/ou CIM/AM relevantes”.
Para Hélder Henriques tudo isto representa “uma visão muito clara para o território, para ganhar escala. Território que por via do turismo trará mais receitas”, sendo que “este pode ser um dos motores da economia local”.
CP pretende reforçar
o produto
O Comboio Vintage do Tejo, como confirma o porta-voz da CP, Bruno Martins, “é sempre um produto muito procurado. Temos estas duas viagens desta edição esgotadas, o que mostra o forte interesse que as pessoas têm neste tipo de produtos” e adianta que “a CP tem feito por aumentar os seus produtos turísticos, as suas viagens de turismo ferroviário, e temos feito por aumentar também a parcerias com as autarquias e com outras forças vivas locais, porque entendemos que é a melhor maneira de mostrar a potencialidade verdadeira destes eixos ferroviários em termos de turismo”.
Bruno Martins afirma que “também é do nosso interesse que as pessoas desfrutem de um passeio a bordo dos nossos comboios, desfrutando das potencialidades locais destas regiões e a Linha da Beira Baixa tem potencialidades únicas, tem uma paisagem incrível e queremos cada vez mais mostrar isso e juntar o comboio a todas estas qualidades que esta região tem”.
Acrescenta que “esta é a segunda edição e é o segundo sucesso na Linha da Beira Baixa, portanto estão reunidas todas as condições para olharmos para este eixo com mais atenção, ainda com mais atenção, cada vez com mais atenção, aproveitando estas parcerias que funcionam muito bem, em particular esta com a Câmara de Castelo Branco”.
Viagem com história
e tradição
O Comboio Vintage do Tejo, para além da viagem, com a possibilidade de apreciar a paisagem, principalmente no troço entre o Entroncamento e Vila Velha de Ródão, à beira do Rio Tejo, com o Castelo de Almourol e o Monumento Natural das Portas de Ródão, também inclui as vertentes histórica, da tradição e da cultura.
Na edição deste ano, os viajantes-turistas contam com a participação do Váatão Teatro de Castelo Branco, que ao longo da viajem está presente a bordo com o Rei D. Carlos e a Rainha Dona Amélia, numa alusão à viagem inaugural da Linha da Beira Baixa.
Já em Castelo Branco, à chegada, a tradição marca presença com a atuação da Associação Cultural e Etnográfica de Escalos de Cima – Squalius.
Depois do almoço livre os viajantes-turistas partem à descoberta de Castelo Branco Cidade Criativa da UNESCO. Para isso os participantes são divididos em grupos, acompanhados por guias, que os levam aos circuitos laranja e vermelho, com visita guiada ao Centro Histórico, Museu Cargaleiro e Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco; os circuitos amarelo e verde, com visita guiada ao Centro Histórico e ao Jardim do Paço Episcopal; e o circuito azul, com visita ao Centro Histórico e ao Museu Francisco Tavares Proença Júnior.
Antes do regresso a Lisboa, na estação de Castelo Branco, tem ainda lugar uma viajem pelos sabores, com a degustação de produtos regionais.
Programa agrada
aos participantes
Os viajantes-turistas, à chegada a Castelo Branco, ainda a meio da experiência do Comboio Vintage do Tejo, mostram a sua satisfação pela participação na iniciativa.
Muito valorizada é a viagem à beira do Rio Tejo, que para muitos é feita pela primeira vez, nesta incursão pelo Interior do País, através da Linha da Beira Baixa.
Igualmente valorizada é a participação do Váatão, por os levar numa viagem no tempo, mas também a vertente musical com os temas tradicionais apresentados pela Squalius.
António Tavares