Adelaide Salvado homenageada em Lisboa
O IGOT, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, homenageou a geógrafa Adelaide Salvado pelo seu percurso docente e investigativo em prol das ciências geográficas. Sérgio Claudino, responsável pelo IV Seminário Luso-Brasileiro de Geografia e Educação, destacou “a seriedade, a originalidade, a constância e a qualidade científica e pedagógica de Adelaide Salvado” na homenagem que foi considerada como um regresso à sua casa de formação académica.
Fundado em 1943, pelo professor Orlando Ribeiro, mestre de Adelaide Salvado, o CEG constitui-se como a principal referência na investigação e divulgação do conhecimento geográfico em Portugal e uma das mais prestigiadas unidades de investigação no plano internacional, daí que este reconhecimento também se tenha associado aos estabelecimentos de ensino onde Adelaide Salvado foi professora, como o Liceu Passos Manuel, em Lisboa; o Salvador Correia, em Luanda; já a viver em Castelo Branco, a partir de 1969, o Liceu Nuno Álvares e a Escola Superior de Educação.
Adelaide Salvado nasceu em Vila Franca de Xira e é licenciada em Ciências Geográficas pela Universidade Clássica de Lisboa, onde foi aluna do professor Orlando Ribeiro, vulto que sempre considerou como o seu grande mestre. Terá sido pela visão deste ícone da geografia portuguesa que Adelaide Salvado, Ribatejana, se aproximou pela primeira vez da Beira Interior, nomeadamente das terras da Idanha, horizontes pelos quais nutre um verdadeiro amor. Para além da sua atividade na área do ensino, foi, ainda, conservadora ajudante voluntária do Museu Tavares Proença Júnior, tendo promovido e elaborado diversos estudos relacionados com expressões da cultura regional como Castelo Branco, Vida e Crescimento de uma cidade ou As rendas de Malpica do Tejo. Muitos outros trabalhos e exposições coordenou, muitos estudos editou, muitas conferências proferiu, continuando, atualmente, a comunicar na Universidade Sénior Albicastrense (USALBI) de Castelo Branco, onde leciona áreas da Geografia e da História Regional.
Sócia de algumas instituições científicas, recebeu em o Prémio de História Regional da AIP pela obra em coautoria Rei Wamba - Espaço e Memória.
Desenvolvendo, igualmente, trabalho na área social, foi homenageada pela sua postura cívica em prol da verdade e da liberdade, combatendo sempre a exclusão social e cultural. Contando com dezenas de artigos editados em revistas nacionais e estrangeiras é autora, entre outras, das obras Os Avieiros nos finais da década de cinquenta; O Espaço e o Sagrado em S. Pedro de Vir-a-Corça; O Culto do Espírito Santo em Terras da Beira Baixa; A Confraria de Nossa Senhora do Rosário de Castelo Branco - Espelho de quereres e sentires; O Jardim do Paço de Castelo Branco roteiro de uma vista de estudo; Remoinhos, Ventos e Tempos da Beira (Org); Nossa Senhora do Carmo nas Alminhas da Beira Baixa; Nossa Senhora da Azenha a Luz da Raia; O Colégio de S. Fiel; Elementos para a História da Misericórdia de Monsanto; A Misericórdia de Medelim. Apontamentos e lembranças para a sua história; A procissão do Corpo de Deus de Castelo Branco (religião e poder político elementos para o seu estudo); O Horto de Amato Lusitano (2004); Capela do Espírito Santo de Castelo Branco. Elementos para o seu conhecimento; Orfeão de Castelo Branco - 50 anos (1957-2007); Santa Teresa de Ávila: homenagem à mulher, poeta mística e reformadora; Álvaro Canelas, 1901-1953: um artista Albicastrense cidadão do mundo; Os ex-votos da Senhora da Póvoa: materialidades devocionais, etc. Co-Coordena com António Lourenço Marques os Cadernos Medicina - Pré-História da Beira Interior e fez parte do Conselho Editorial da revista Estudos de Castelo Branco.
Adelaide Salvado é beiroa de adoção, apaixonada pelas suas paisagens e preocupada pelo devir destas “terras de finisterra interior”, como gosta de dizer. Monsanto da Beira é o seu refúgio de escrita e espiritual. Aí descodifica “os nós e os laços entre os tempos, os homens e Deus”.