João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
HOUVE ALGUÉM QUE ESCREVEU que nas eleições americanas, o direito a voto devia ser alargado para além dos próprios americanos. Porque as consequências que advém da escolha do presidente da nação mais poderosa do Mundo são de tal monta que todos deveriam poder ter uma palavra a dizer.
A distância geográfica que nos separa dos Estados Unidos da América provavelmente faz-nos ver a campanha eleitoral com outros olhos, com muitos de nós a não entenderem como é possível que, a 15 dias das eleições, a nação americana continue tão dividida, com a generalidade das sondagens a mostrarem valores praticamente de 50 por cento para cada candidato. Dividida entre uma candidata empática, defensora dos valores democráticos e dos direitos das minorias e das mulheres e um candidato mentiroso compulsivo, diariamente com mentiras que facilmente são desmontadas de tão infantis que são, a revelar tendências políticas fascistas, a não revelar qualquer compaixão pelos outros, megalómano e egocêntrico, a fazer birras infantis. E a proclamar que se ganhar irá fazer a maior deportação de imigrantes da história da América, sem se preocupar com as consequências económicas e sociais, esta é a sua principal bandeira, suportada por teorias racistas e nazis de substituição das populações locais. “Brancos estão sendo substituídos por imigrantes” é a teoria da conspiração que parece estar a influenciar as eleições nos EUA. Tenho à minha frente o resultado da mais recente sondagem (credível) do Washington Post que mostra que Harris e Trump estão empatados nos sete estados decisivos, os chamados swing states. O estudo revela que 47 por cento dos inquiridos afirmam que apoiarão definitiva ou provavelmente Harris, enquanto 47 por cento afirmam que apoiarão definitiva ou provavelmente Trump. Numa situação como esta, cada voto vai mesmo contar. E os candidatos vão ter de usar todos os trunfos. Kamala, tem do seu lado os grandes nomes da cultura, cinema e música, alguns nomes sonantes do Partido Republicano que apelam ao voto na candidata democrata para defesa da democracia, porque já trabalharam com Trump, sabem bem o perigo que ele representa. E tem Obama e Bill Clinton, a fazer campanha ao seu lado. Trump tem os grandes empresários das empresas tecnológicas como Facebook e, em especial o X (antigo Twitter) de Elon Musk a seu lado, aliciados pela promessa de baixa de impostos e ultraliberalização da economia. Elon Musk já doou 75 milhões de dólares a Trump e agora está a sortear um milhão entre os cidadãos que se inscrevam para votar em Trump, uma operação que além de inusitada, está a ser considerada como ilegal. Vários especialistas em legislação eleitoral, apontam disposições da lei federal que proíbem oferecer dinheiro aos eleitores. De acordo com o manual de crimes eleitorais do Departamento de Justiça, citado pela agência Reuters, constitui um crime federal pagar a pessoas com a intenção de induzi-las ou recompensá-las a votar ou a se registar, crime punível com pena de prisão. Mas com Trump, tudo pode acontecer que os seus seguidores continuarão sempre a idolatrá-lo e a segui-lo, nem que seja para o abismo da ditadura.
Por mim, neste Mundo globalizado, julgo que não vou contribuir com um cêntimo para alimentar insanidades. Não compro Tesla, não conto ir fazer turismo ao espaço nem tenho conta na rede social X.