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Edição nº 1813 - 11 de outubro de 2023

CURSO ESTÁ A DECORRER NA ASSOCIAÇÃO RECREATIVA E CULTURAL VIOLA BEIROA DE CASTELO BRANCO
Aqui constroem-se guitarras clássicas

Os diferentes tipos de madeira vão ganhando forma na oficina da Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa de Castelo Branco, instalada no antigo edifício dos CTT, no Largo da Sé, em Castelo Branco. Todas as sextas-feiras e sábados, desde 15 de setembro e até 2 de dezembro, oito formandos, sob orientação de dois formadores, vão dando corpo àquela que será a sua nova guitarra clássica, construída de modo personalizado.
Isto é possível devido ao Curso de Construção de Guitarras Clássicas que está a decorrer na sequência de um convite feito pela Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa de Castelo Branco à Academia Nacional de Luthiers, para realizar esta formação.
Assim, Daniel Garfo e Marco Gonçalves, da Academia Nacional de Luthiers, são os dois formadores que ao longo dos dias vão ensinando aos formandos aquilo que sabem em matéria de guitarras clássicas.
Uma formação que não é nova, uma vez que como adiantam este “é o décimo curso que estamos a ministrar”, sendo já “cinco anos com esta intenção de formar luthiers. Já ministramos cursos em Lisboa, no Barreiro e, agora estamos em Castelo Branco a convite do Miguel Carvalhinho”, que é o presidente da Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa de Castelo Branco.
Para Daniel Garfo e Marco Gonçalves as guitarras clássicas são o seu mundo, uma vez que além da Academia Nacional de Luthiers também são os proprietários de uma oficina, em Cortiçadas de Lavre, no Alentejo. Oficina em que são produzidas guitarras clássicas, com uma marca própria, a Delfina Guitars, que foi lançada no ano passado.
Por isso, os dois afirmam que “a formação é um complemento daquilo que gostamos de fazer, que é a construção de instrumentos musicais”.

Curso acaba com
guitarra pronta
a ser utilizada
No que respeita à formação que está a decorrer em Castelo Branco, explicam que m relação às guitarras, “o molde é universal, mas há a individualidade de cada guitarra de parte de cada um dos formandos, porque, por exemplo, cada um escolhe a roseta que quer fazer, o mesmo acontecendo com o formato da cabeça”.
E a personalização não fica por aí, pois “cada formando também escolhe as madeiras que quer utilizar na sua guitarra”.
No que respeita aos tampos harmónicos “as madeiras que podem ser utilizadas são o Spruce, que é da família do Pinho, e o Cedro. Depois, os fundos e ilhargas são construídas com madeiras exóticas, como o Pau Santo da Índia, o Eucalipto, a Nogueira e o Pau Santo das Honduras. O Ébano é utilizado na escala e no braço é o Cedro Brasileiro”.
Para frequentar esta formação, cada um dos formandos pagou uma inscrição de 500 euros, sendo que a este valor há a somar mais 1.800 euros. O montante global inclui a formação, as madeiras utilizadas, a caixa rígida para guardar a guitarra e o acabamento da própria guitarra. Ou seja, “o formando aprende a construir o instrumento e sai daqui com ele completamente feito e pronto a utilizar”.
Esta relação entre a Associação Recreativa e Cultural Viola Beiroa de Castelo Branco e a Associação Nacional de Luthiers, é nova, mas Daniel Garfo e Marco Gonçalves consideram que, “futuramente, com esta parceria podemos criar um elo de ligação, como complemento da Delfina Guitars e participar numa ajuda, dar assessoria, acompanhamento do que o projeto da Viola Beiroa pode fazer em termos futuros”.

Aplicar conhecimentos
à construção da Viola
Beiroa
Miguel Carvalhinho recorda que a ideia de avançar com este curso surgiu quando Daniel Garfo e Marco Gonçalves “vieram à Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) de Castelo Branco mostrar as suas guitarras. A partir daí o que se pretendeu foi desenvolver o conhecimento da construção de alto nível de guitarras clássicas, para depois aplicarmos à construção da Viola Beiroa, ao nível das colas, da seleção de madeiras e, depois, a procura de um determinado som”.
Assim, continua, o objetivo deste curso “é dotar as pessoas de conhecimentos para depois aplicar na construção da Viola Beiroa”, recordando que em relação a esta “já realizamos quatro ou cinco cursos”, de onde resulta que “todos os elementos da Orquestra Viola Beiroa têm instrumentos construídos por eles”.
Tanto mais, realça, que “estamos à procura de um som mais característico da Viola Beiroa, que tenha também vantagens ao nível da tocabilidade, que não sejam mais fáceis de tocar, mas mais domáveis”.
Outro dos objetivos passa por “conquistar o mercado, porque cada vez há mais músicos que procuram instrumentos de qualidade e a Viola Beiroa é utilizada por muitos músicos”.
Para além disso, realça, no que respeita à Viola Beiroa também “serão precisos instrumentos para o Conservatório Regional de Castelo Branco, porque já lá temos alunos de Viola Beiroa”.

Quem são os formadores
Marco Gonçalves dedica-se há nove anos à arte da marcenaria tradicional portuguesa. Estudou na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, na área das Artes e Ofícios da Madeira. Colaborou no primeiro Curso Técnico da Península Ibérica de Construção de Instrumentos Musicais de Corda Beliscada, com o Ministério da Educação. Desenvolveu e ministrou formações na área da marcenaria e na área da construção de instrumentos musicais. Apaixonado pela matéria-prima madeira, alimenta-se da vontade, dedicação e respeito pelos ofícios ancestrais ligados às artes da madeira, estruturas, mobiliário, embutidos, polimentos e pela construção de instrumentos e objetos musicais.
Daniel Garfo dedica-se há 15 anos à arte da construção de instrumentos musicais. Estudou no Sul de Espanha com vários luthiers a construção de guitarras clássicas e de flamenco. Concebeu o Curso de Técnico de Construção de Instrumentos Musicais, com o Ministério da Educação, e coordenou o primeiro Curso de Construção de Instrumentos de Corda Beliscada em Portugal. Desenvolveu e ministrou formações de construção de instrumentos musicais em vários países na Europa, na China e em África. Colabora regularmente com o Centro Cultural de Belém, na construção de instrumentos gigantes para crianças e prototipagem. É um apaixonado pela música, por protótipos e por construir instrumentos e objetos musicais e partilhar conhecimentos.
António Tavares

11/10/2023
 

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