João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
COMO JÁ SE PREVIA, e felizmente confirmou-se, a Jornada Mundial da Juventude foram quase por unanimidade reconhecidas como um sucesso. Até mesmo aqueles que eram sonoramente mais críticos, tiveram que aceitá-lo. E já que não podiam contestar uma organização a raiar a perfeição, pegaram naquilo que acharam potencialmente mais frágil, que foi o controle de custos, em particular os inúmeros ajustes diretos, que seria uma prática administrativa desnecessária se se tivesse começado bastante mais cedo (e era possível) na concretização das infraestruturas.
André Ventura, que claramente esteve desconfortável com a mensagem do Papa Francisco, uma figura que ele ainda não há muito tempo em entrevista considerou fazer muito mal à Igreja, no alinhamento dos que o consideram um Papa que defende ideias próximas do comunismo, pois Ventura, ainda se desmontavam as tendas e em corrida para ser o primeiro, exigia de dedo em riste as contas do evento, tostão a tostão.
O sucesso da JMJ, que levou ao Mundo uma imagem muito positiva de Portugal, em particular de Lisboa, resultou da organização, mérito de todas as entidades e responsáveis envolvidos, ainda que alguns tenham querido ficar em primeiro plano na fotografia de grupo. Resultou dos mais de milhão e meio de jovens que nessa semana encheram a capital de cor e alegria juvenil, em grande maioria com comportamento exemplar e imbuídos do espírito das Jornadas. E resultou principalmente da presença do Papa Francisco. Um Papa surpreendentemente revigorado e adorado pela juventude, vinda de 128 países, que respondeu ao chamamento.
Sobre a sua mensagem já tudo foi dito e redito, só quero aqui sublinhar a força com que ele repetiu vezes sem conta que a Igreja é a casa, o abrigo de todos, para TODOS, sublinhado por Francisco, a bold e em maiúsculas. Este desejo de uma Igreja inclusiva, foi uma das ideias mais fortes. E parecia que todos comungavam das palavras do Papa Francisco. Mas não era assim. Ainda ressoavam no ar as palavras do Papa e já as forças de segurança tinham de intervir para deter o grupo de jovens da linha mais conservadora da Igreja, que quiseram impedir, com ameaças verbais e físicas, a celebração de uma missa dirigida a um grupo LGBT, participante nas Jornadas.
E a terminar, refira-se que a vontade de Carlos Moedas cavalgar a onda de sucesso, (até contratou empresa de comunicação para lhe garantir visibilidade em todos os atos) fê-lo passar por cima de todas as formalidades processuais, ao propor o nome do Cardeal Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, para a ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, que por acaso até está implantada nos concelhos de Lisboa e Loures. Como a pressa é má conselheira, e a reação foi de tal ordem que num par de dias já havia mais de 15 mil portugueses a assinar uma petição contra a proposta, com a mesma rapidez com que a proposta foi tornada pública, ela caiu até por própria iniciativa de quem se queria homenagear.