Alfredo da Silva Correia
POBRE POVO NAÇÃO VALENTE - ENVOLVENTES POLÍTICAS INTERNACIONAIS
Todos sabemos que as nossas vidas são fortemente influenciadas pela evolução das envolventes políticas internacionais e a invasão que a Rússia continua a levar a cabo sobre o povo ucraniano, tem um forte significado nas mesmas, pelo que me é difícil não reflectir sobre o que, neste âmbito, está hoje a acontecer no nosso mundo. Ao procurar fazê-lo vou começar por afirmar que quando começou a destruição da Ucrânia pela Rússia a minha percepção imediata foi a de que, o que estava a acontecer tinha que ter como base um projecto de um megalómano já com muitos anos de existência, que passaria por vir a dominar pelo menos a Europa, ao ponto de um dia poder até chegar ao Atlântico mais afastado. Tendo então considerado esta percepção exagerada, há medida que o processo da Ucrânia se vai desenvolvendo, vou reforçando a ideia de que tal projecto é mais realista do que então queria acreditar, ainda que sem dúvida o mesmo sofra revezes e seja retardado, como está a acontecer com a heróica resistência do povo ucraniano que está, sem dúvida, a prestar um enorme serviço ao Ocidente. Tudo foi preparado ao longo das últimas décadas não só em termos de equipamento militar, mas também em termos de reservas financeiras, mesmo em termos de disponibilidade de ouro e de muitas outras reservas, sendo estranho que os dirigentes ocidentais não se tenham devidamente preparado para o que um dia chegaria. Até em novo equipamento militar a Rússia tem investido mais do que muitos outros países da Nato, o que não podia deixar de ter o seu significado.
Hoje observando, como leigo, as envolventes políticas internacionais não me é difícil concluir que o bloco chinês está em forte ascensão, ao ponto de muitos já o considerarem como a 1ª potência mundial, ou vindo a sê-lo brevemente, enquanto os EUA estão a regressar a casa, e a secundarizar-se, para já não falar na Europa que militarmente julgo não ter grande significado, para além das bombas atómicas detidas pela França e pelo Reino Unido. É neste ambiente de amorfismo, político e militar dos EUA e dos países Europeus, que ressurge na Rússia o seu grande objectivo de voltar a ter o poder da antiga URSS, ou de algo parecido, afim de que volte a ter a dimensão planetária que tinha no passado e que teve como 1º passo o ocorrido na Crimeia em 2014. Assim, sem dúvida que a Rússia tem hoje como seu grande projecto vir a ser considerada a nível mundial como uma das três grandes potências mundiais. Sendo estas as grandes linhas de observação política e militar a nível mundial que justificam a destruição da Ucrânia, acontece que tais ocorrências estão a decorrer numa fase da humanidade em que a mesma está a viver os reflexos de profundas alterações climáticas, que estão já a fazer sofrer muitos e que se poderão agudizar com acções como as que se estão a viver na Ucrânia, já que a produção e destruição de material bélico até atacarão mais o ambiente do que a normal mobilidade e produção industrial.
É também tudo o referido que está a conduzir a que muitos, como eu, estejam já a ter a leitura de que, apesar desde há 60 anos quando pensávamos no futuro o víamos sempre como mais promissor do que o presente, hoje vemo-lo com muitas incertezas, quanto ao que nos pode acontecer, até envolvido em muitas dificuldades, para as quais os mais aptos tudo não poderão deixar de fazer do que seja esforços de adaptação a novas realidades bem difíceis. De facto, projectos como os que a Rússia hoje incorpora, conjugado com o amorfismo político e empresarial de muitos dos povos desenvolvidos, bem explícito até na sua dependência industrial e não só, dos povos emergentes, tudo conjugado com as alterações climáticas vividas, constituem-se em realidades das quais não poderão deixar de resultar um modo de vida bem mais difícil do que aquele que temos tido.
Com estas envolventes, dou comigo a ter muitas dificuldades em aceitar e compreender como é possível em pleno século XXI observar tanta crueldade humana, como a que temos observado na Ucrânia, sem uma reacção mais assertiva por parte da comunidade mundial, como querendo com tal significar que tudo é aceitável hoje na humanidade, apesar dela, ter atingido um nível de desenvolvimento socioeconómico nunca antes atingido. É verdade que no âmbito desta problemática existe hoje o receio dos reflexos de sermos encaminhados para a terceira guerra mundial da qual dificilmente a humanidade sobreviveria. Tenhamos em consideração que hoje projectos falhados poderão conduzir ao desespero e com este a utilização da primeira bomba atómica e, se tal acontecer, dificilmente não haverá resposta ao ponto de muitas das que existem no planeta serem lançadas, conduzindo ao descalabro e à impossibilidade de vida no planeta já hoje sujeito a alterações climáticas bem gravosas.
Para quem acredite que estas envolventes são hoje bem mais reais do que todos desejamos, não pode deixar de se interrogar sobre que esforços devem ser desenvolvidos para se estar preparado à evolução das mesmas. Quanto a estes eu não posso deixar de concluir que teremos de fazer, pessoalmente e mesmo em termo de povos, todos os esforços para procurar fazer uma vida, o mais autónoma possível, ainda que fazendo-a com toda a normalidade. Sem dúvida que vivemos tempos em que é previsível que as economias dos povos se tornem menos global e mais local, o que só por si já vai implicar que tenhamos um modo de vida mais simples, por mais pobre. Atitudes de menor consumo e mais racional vão ser fundamentais para minimizarmos as dificuldades a que vamos ser sujeitos.