ECONOMIA
Ano novo, preços novos
O ano novo, 2022, fica marcado pelo aumento generalizado de preços dos serviços que usamos no dia a dia.
Alguns preços são ainda incertos, já que estavam ligados a políticas inscritas no Orçamento do Estado para 2022, que foi chumbado. Após as eleições de 30 de janeiro, será mais claro o que muda nos custos do consumo dos Portugueses.
Para já é sabido que a eletricidade aumenta para quem está no mercado regulado, mas também para os clientes que já passaram para o liberalizado. O preço da eletricidade para as famílias do mercado regulado vai subir, em média, 0,2 por cento, anunciou a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a 15 de dezembro. Já os consumidores da tarifa social vão beneficiar de um desconto de 33,8 por cento sobre as tarifas de venda a clientes finais.
No mercado liberalizado, as tarifas de eletricidade da EDP Comercial vão subir em média 2,4 por cento em 2022, o que corresponde a um acréscimo na fatura das famílias de cerca de 90 cêntimos por mês, refletindo a subida dos custos da energia.
Já a Endesa vai manter os preços da eletricidade para as famílias e pequenos negócios.
Por sua vez, a Galp vai aumentar os preços da eletricidade, uma subida que rondará os 2,7 euros mensais para as potências contratadas mais representativas.
Depois de um ano sem subidas, as rendas voltam a subir em 2022, um aumento de 0,43 por cento, o que representa um aumento de 43 cêntimos por cada 100 euros de renda.
Os preços do gás de botija não fogem à regra. A botija de butano de 13 quilos custa cerca de 29 euros e a de 54 quilos 120 euros. Depois de atingirem recordes no final de 2021, os Portugueses que usam gás engarrafado podem esperar um encargo maior em 2022.
Os aumentos da luz e do gás trazem associados outros aumentos como o do pão.
De resto, na mercearia já foi sentida alguma subida no final do ano de 2021. Por exemplo, o preço do bacalhau subiu cerca de 10 por cento em relação ao ano anterior. Em geral, as carnes também estão a ficar mais caras, sobretudo a de vitela. No caso das hortaliças, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou em novembro para o “incontornável” aumento de custos dos combustíveis e adubos, o que terá reflexo nos preços pagos pelos consumidores.
Consumidores e empresas vão ter de contar com custos mais altos do papel de impressão. A Navigator Company anunciou a subida dos preços do papel de impressão e escrita, não revestido, entre 10 e 15 por cento.
Portagens e os transportes
também registam aumentos
A Brisa Concessão Rodoviária anunciou que 28 das 93 taxas de portagem aplicadas na Classe 1 vão aumentar, justificando a subida com a taxa de inflação homóloga.
“Sendo que, na maioria dos percursos com mais elevada frequência de automobilistas ou com maior extensão, o impacto será diminuto”, refere a empresa em comunicado, acrescentando que as suas tarifas de portagem irão registar em 2022 “uma atualização média de 1,57 por cento”.
Este ano a Brisa vai cobrar uma mensalidade mais elevada a quem quiser usar os serviços da Via Verde para lá do pagamento de portagens de autoestrada, a chamada Via Verde Mobilidade. A mensalidade, será de 99 cêntimos para o Via Verde Mobilidade, onde estão, por exemplo, os serviços de pagamento de estacionamento, e manter-se-á nos 49 cêntimos para os clientes que pretendam ter apenas o serviço Via Verde Autoestradas.
O preço dos transportes públicos será atualizado em 0,57 por cento, de acordo com a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Nas telecomunicações a Meo já anunciou “atualizações do preço base da mensalidade em tarifários/pacotes”. A Nowo diz que não estão previstas atualizações de preço e as restantes operadoras ainda não tomaram posição.
Inspeção automóvel
fica mais cara
O preço da inspeção obrigatória de automóveis ligeiros aumenta para 31,80 euros e o de pesados para 47,59 euros, segundo uma deliberação publicada em Diário da República.
Na mesma deliberação inclui-se também a atualização da tarifa dos motociclos, triciclos e quadriciclos, que passa para 13,02 euros e as dos reboques e semirreboques para 25,85 euros.
Já a tarifa base da reinspecção aumenta para 6,48 euros, a atribuição ou reposição de matrícula para 64,53 euros, a extraordinária para 90,25 euros e a emissão de segunda via da ficha/certificado de inspeção para 2,43 euros.
Tabaco pode ficar mais caro
Estava previsto um agravamento fiscal que deveria aumentar o preço do tabaco, mas com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, esta possibilidade é ainda incerta. No entanto, foi já definido que os maços de tabaco vão ter o selo castanho em 2022, com a estampilha a ficar mais cara.
Se o Orçamento do Estado para 2022 entrasse em vigor, a Imperial Brands tinha estimado que o preço dos maços de tabaco poderia aumentar em 10 por cento.
Governo trava descida
de preços dos medicamentos
A descida do preço de alguns medicamentos pode ter o efeito perverso de não haver in centivo para as farmacêuticas os produzirem. Em 2022 vai entrar em vigor um mecanismo-travão criado pelo Governo para evitar ruturas no mercado.
O objetivo deste mecanismo é “garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e evitar a erosão dos medicamentos com preços mais baixos”. Isto já que, durante a pandemia deu-se um “marcado crescimento da despesa com medicamentos”, sendo por isso necessário garantir, para além da sustentabilidade, “a melhor disponibilidade de medicamentos e a mitigação de ruturas”, explica o Governo na portaria publicada a 3 de dezembro de 2021 em Diário da República.
De acordo com uma portaria, os medicamentos que custem até 15 euros não vão ter qualquer descida em 2022. Para os que custam entre 15 e 30 euros, o preço não pode descer mais do que cinco por cento. No caso dos medicamentos mais caros, acima dos 30 euros, eventuais descidas não podem superar os 10 por cento.