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Edição nº 1713 - 27 de outubro de 2021

EM COLÓQUIO ORGANIZADO POR GONÇALO SALVADO
O Cântico dos Cânticos traduzido por José Tolentino Mendonça

A tradução do Cântico dos Cânticos, feita a partir do original hebraico para a língua portuguesa, pelo cardeal poeta e teólogo José Tolentino de Mendonça, personalidade ímpar da cultura e da sociedade portuguesas, vai estar em destaque no colóquio Porque o amor é forte como a morte – O Cântico dos Cânticos, Paradigma Universal da Cultura Portuguesa, que decorrerá dias 17 e 18 de novembro, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
O colóquio vem na sequência da exposição Beija-me com os Beijos da tua Boca – O Cântico dos Cânticos – Exposição Bibliográfica e Iconográfica, a partir da coleção do poeta Gonçalo Salvado, exposição por este comissariada e que esteve patente nessa instituição, na Sala Museu, em 2020, tendo tido a sua primeira apresentação, em 2017, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco.
Gonçalo Salvado é também o responsável pelo atual ciclo de conferências em colaboração com a Biblioteca Nacional, também ele dedicado ao mais célebre poema bíblico, considerado por muitos o mais belo poema de amor e erótico da humanidade e que marcou indelevelmente a cultura de expressão portuguesa.
A tradução do Cântico dos Cânticos, de José Tolentino de Mendonça será apresentada e comentada pelo escritor e crítico literário Pedro Mexia, que assinou uma recensão crítica reproduzida na contracapa da edição de bolso desta obra.
Publicada em 1997, com ilustrações da artista portuguesa Ilda David’, esta tradução é uma das raras, realizadas em Portugal, a partir do original hebraico, com conhecimento da língua hebraica por parte do tradutor.
De lembrar que a primeira vez que José Tolentino Mendonça divulgou, numa sessão pública, a sua tradução do Cântico dos Cânticos, foi a pedido de Gonçalo Salvado, na sessão do lançamento do seu primeiro livro de poesia, Quando, em 1996, e que ocorreu, no Bairro Alto, em Lisboa, em 1996. Alguns fragmentos da tradução, na altura inédita, foram lidos, em estreia, por Tolentino Mendonça, nesse contexto, que posteriormente os ofereceu a Gonçalo Salvado. Esses fragmentos estiveram presentes na exposição Beija-me com os Beijos da tua Boca – O Cântico dos Cânticos – Exposição Bibliográfica e Iconográfica, realizada na Biblioteca Nacional. Foram aí expostos com especial relevo juntamente com as várias edições da tradução do Cântico dos Cânticos de José Tolentino Mendonça, acompanhadas por duas pinturas originais de Ilda David’ que a ilustram.
Gonçalo Salvado, comissário do colóquio e da exposição referiu que “quero destacar no colóquio a tradução de Tolentino Mendonça do Cântico não apenas por estar afetiva e historicamente ligada a ela, tendo acompanhado a sua génese, mas porque esta se impõe como uma das mais significativas publicadas no nosso país, aliando graça literária a um conhecimento profundo da língua hebraica por parte do seu autor. Por outro lado, se há alguém em Portugal que nutra tanta devoção e genuíno amor pelo Cântico dos Cânticos quanto eu, esse alguém é o meu amigo, de longa data, o cardeal poeta José Tolentino Mendonça”.
Por seu lado José Tolentino de Mendonça realça, sobre o Cântico dos Cânticos, que “é seguramente o poema que mais li, o Cântico dos Cânticos. Não me lembro do dia em que o li pela primeira vez, porque não consigo referir o dia de coisa nenhuma. Lembro-me da emoção de ter chegado àqueles versos, isso sim. E de pequenas coisas em seu redor. De os ter, por exemplo, soletrado num quarto vazio, na praça de cidades que deixei, num entardecer, naquele entardecer diante do mar, nesse período da minha vida em que estive doente e só. Depois, acho que aprendi hebraico pensando no Cântico dos Cânticos. E, de alguma maneira, de uma maneira que nem eu desvendo, aprendi-me a mim”.

27/10/2021
 

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