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Edição nº 1655 - 9 de setembro de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

ACONTECEU ESTE FIM DE SEMANA o mais mediático e polémico Festival do Avante de sempre. E aparentemente terminou sem grandes problemas. Mas foi um evento que muito pouco se assemelhou com os anteriores. Faltou-lhe a animação e os ajuntamentos que significavam convívio de outros anos, com a participação de muitos que pouco ou nada têm a ver com a militância comunista, porque a Festa do Avante pelas suas características é mais que um acontecimento político, é também cultural.  Claramente que o PCP esteve condicionado pela polémica que ocupou a cena política e as redes sociais durante o mês de agosto, por ter insistido na sua realização num ano de pandemia, com a agravante de se realizar num período em que previsivelmente estaria, como está de facto, em crescendo de casos. Mas goste-se ou não, o certo é que o evento se poderia realizar desde que obedecesse as regras definidas pela DGS, que também ela condicionada pela opinião publicada e até pelos comentários de Marcelo, não quis arriscar e impôs aqui regras ainda mais restritivas. Era importante para o PCP não falhar e a sua proverbial organização não deixou a coisa por mãos alheias. Perdeu-se em alegria e em participação, o que se ganhou em segurança. E o seu líder Jerónimo de Sousa pôde fazer passar a sua mensagem, até para um público bem mais vasto pela cobertura dada pelas três estações generalistas, e quis mostrar um partido que luta contra o medo que alastrou pelo país.  Foi um discurso que valeu pela Festa. Porque se mostrou disponível para novo mandato, depois de terem vindo a ser lançadas várias pistas do contrário, importante para o partido num momento em que não se vislumbra um nome que, como ele, seja agregador e com boa imagem de simpatia, coerência e honestidade junto do eleitorado. Porque entre críticas, em especial aos partidos da direita parlamentar e até mesmo a Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou um PCP capaz de fazer compromissos com o governo para a estabilidade política do país.   Foi um discurso que, por certo, terá agradado a António Costa.

09/09/2020
 

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