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11 de dezembro de 2019

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

HÁ BEM POUCOS DIAS A COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DA BEIRA BAIXA foi distinguida com um prémio Ibérico pelo seu trabalho na divulgação e promoção da região através de programas turísticos. Um prémio que se junta a alguns outros e à divulgação da região em jornais e revistas nacionais e estrangeiros, em publicações de referência. Isso e a perceção de que aqui ainda se mantém  uma certa autenticidade na cultura, base da sua especificidade, no património gastronómico, na arquitetura presente nas nossas aldeias e na cultura de vizinhança é o que nos traz os estrangeiros que vêm ocupando casas e campos que o envelhecimento da população vai  deixando vagos.  Estes estrangeiros, (na minha freguesia, Benquerenças, já se convive com holandeses, franceses, suecos, espanhóis, ingleses, noruegueses, belgas..) e também alguns nacionais buscam aqui aquilo que faz a diferença, a especificidade da nossa região e que temos de manter como território de afetos. Mantendo vivas as memórias sem querer com isso dar às nossas terras um cunho muselógico. E é nesta época de azeitona e lagares que chego a uma das minhas memórias de infância na aldeia. Quando era o tempo dos lagares trabalharem (nos anos 50 e 60 havia dois lagares, agora não há nenhum), chegava da escola, pousava a sacola e pedia à minha mãe que me cortasse uma boa fatia de pão. Pão grande, feito em forno de lenha. A fatia era de dois dedos de grossura. Depois, para maior desembaraço, colocava-a debaixo da camisola e lá partia eu numa correria até ao lagar, ao velho, que o novo tinha um mestre lagareiro que não era para favores. E o favor era o de nos fazer a tiborna. Depois de bem torrado nas brasas, o mestre do lagar mergulhava-a por inteiro na grande cuba que recolhia o azeite das prensas. O sabor a azeite acabado de fazer, uma delícia, a escorrer pelas mãos e os beiços untados. São memórias oderosas. E nunca deixei de consumir o azeite que, nos finais dos anos sessenta, teve uma campanha negativa promovida pelos óleos vegetais, então a entrar no nosso mercado e que conduziu a uma acentuada quebra de consumo e preços e ao abandono de grande parte dos nossos olivais, não adaptados aos novos ventos tecnológicos. Ainda continuo a consumir em crú, em forma de tiborna. E a mistura do azeite com o mel é um manjar dos deuses. Experimentem deitar uma colher de mel num prato, cobrir com azeite e ir molhando a sopa (pedaço) do pão torrado. Este é prato para comer nesta época, com o azeite novo, e tem ainda um extra: na nossa casa, o prato com o azeite e mel fica no centro da mesa para ser partilhado pela família, ou por aqueles que nos escolheram como vizinhos para aqui viverem...  E é na preservação de práticas tão simples como esta que as nossas comunidades vão continuar a manter a sua identidade, a merecer elogios e a ganhar novos habitantes que o que aqui procuram é mesmo a vivência em território de afetos.

11/12/2019
 

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