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30 de outubro de 2019

Carlos Semedo
A NOITE ABRE OS MEUS OLHOS

Há umas semanas escrevi isto no meu mural de uma conhecida rede social:
“Em 2011 convidámos José Tolentino Mendonça para vir, ao Cine-Teatro Avenida, comentar um filme. Foi enorme na disponibilidade e na profusão de luz que partilhou connosco. Nessa altura, aproveitei para lhe pedir que autografasse o A Noite Abre Meus Olhos, que eu tinha oferecido, um ano atrás, à Lena, quando do 21 aniversário do nosso casamento. Tolentino Mendonça faz parte de uma corrente sanguínea que me percorre nas ideias, no olhar o Mundo, no diálogo nem sempre pacífico com a minha cultura Cristã. Ajudou-me a articular perguntas e esse é um bem maior. Agradeço-lhe com a simplicidade com que hoje se vai tornar Cardeal.”
Era um adolescente quando percebi o poder da leitura. Umas férias numa casa de campo de um familiar, escondia algo que foi determinante para a minha relação com os livros. Duas prateleiras cheias de livros da colecção Europa-América, livros de bolso, um convite que não só não recusei como alimentei de forma algo compulsiva. Creio que nesse ano li uns 15 livros, só nas férias. A partir daí, os livros passaram a fazer parte da minha vida, de uma forma que desconhecia, até aquele momento.
É por isso que hoje trago o José Tolentino Mendonça para aqui. Li os livros quase todos deste autor, li e continuo a ler a poesia dele, assisto a conferências que se encontram disponíveis na rede e sinto que sou uma pessoa diferente por estar tão próximo dele. O amor que ele nutre pelo também poeta Tonino Guerra, o Tarkovsky que nos une como irmãos, o ter-me aconselhado o Daniel Faria, a Adília Lopes e tantos outros, é um legado inestimável. Quando escrevo “faz parte de uma corrente sanguínea” não tenho a certeza que seja a melhor imagem, mas o que tenho como certeza é que sou uma pessoa diferente, depois destes anos em que o tive como companheiro.
Há uns tempos, falava com uma amiga sobre o que é que nos pode mudar ao longo da vida e até que ponto a literatura, a Arte entra nesta equação. Não se trata simplesmente de referências, faróis que nos ajudam no mapeamento, mas sim de algo mais profundo, algo que nos muda nas atitudes, na forma como olhamos o Mundo, os outros e, o mais importante, como nos pode tornar melhores seres humanos. O ponto de partida é sempre exigente, devido à nossa imperfeição, mas podemos fazer um caminho de melhoramento e o que vos quero dizer, é que José Tolentino Mendonça me ajuda a fazê-lo, respeitando a minha liberdade e ajudando-me a fazer perguntas e a procurar respostas.

30/10/2019
 

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