II COLÓQUIO DE ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA
Penamacor une tempos e patrimónios
Penamacor reuniu, no II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor – 40 anos depois – Ciências, Territórios e Saberes em Mudança, que decorreu de 25 a 27 de outubro, investigadores de várias instituições de Ensino Superior de Portugal e Espanha, que apresentaram mais de 30 comunicações.
No primeiro dia do evento, foram ainda homenageados Candeias da Silva, António Lopes Pires Nunes e Fernando Patrício Curado, por serem memórias vivas do primeiro colóquio e por todos os trabalhos realizados e publicados em prol da Região nas duas áreas debatidas durante os três dias. Também Silvina Silvério e José Luís Cristóvão foram homenageados, por deixarem testemunhos nas áreas da História e da Arqueologia, para a Região e para o Concelho de Penamacor, em particular.
Do programa constaram três dias repletos de investigação sobre Arqueologia, História e Património. O primeiro dia foi dedicado à memória do primeiro colóquio, sendo que além das homenagens, se realizaram também comunicações subordinadas ao tema Fronteira, Património, Desenvolvimento e Futuros.
No segundo dia, decorreram três painéis, sendo que o primeiro foi dedicado ao Território Malcata-Gata, entre a Pré-História e o Domínio Romano, o segundo aos Tempos de Guerra e de Paz na Fronteira Penamacor Extremadura do Século XII ao Século XX e o terceiro aos Patrimónios Materiais e Imateriais da Raia Luso-Extremenha.
No último dia realizaram-se diversas visitas guiadas ao património histórico e arqueológico da Região, com paragens no Convento de Santo António de Penamacor, Bemposta e Salvaleón.
De realçar que a sessão de abertura do evento contou com a presença da diretora Regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes, de Juan Pedro Carrasco Moreno, do Parque Cultural Sierra de Gata; de Ángel Espina Bárrio, da Universidade de Salamanca; de Luís Pereira, da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB); de Amalio Robledo Rojo, alcalde do Ayuntamiento de Valverde del Fresno; do vice-reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), José Páscoa; de Pedro Salvado, coordenador da Comissão Científica do Colóquio; e de António Luís Beites Soares, presidente da Câmara de Penamacor.
Na sessão de encerramento, o autarca Penamacorense deixou a promessa que não serão necessários mais 40 anos para a realização do terceiro colóquio e avançou que espera que dentro de quatro anos se realize uma nova edição do evento. António Luís Beites Soares deixou ainda a garantia que, resultado deste II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor, a Câmara vai começar a trabalhar para que seja criado um Centro de Estudos Transfronteiriços.
Para o presidente da Câmara “é tempo de repensarmos a cooperação transfronteiriça, pois muito foi feito, mas foi perdido muito do ritmo e das redes estabelecidas nos inícios do Século XXI. Vamos criar em Penamacor uma unidade de investigação vocacionada para o estudo, atualização do conhecimento e entendimento das problemáticas destes territórios da raia central. Trabalharemos numa perspetiva interdisciplinar e numa geografia emocional de proximidade raiana mas que será sempre aberta ao mundo contemporâneo. A fronteira continua a ser presença nos nossos quotidianos e creio ser muito importante pensar o que significam as fronteiras a partir de uma milenar fronteira da história de Portugal como a nossa de Penamacor. O centro será um fórum de junção de saberes e contamos já o apoio de um amplo grupo investigadores oriundo dos maiores centros do saber e universidades de Espanha e de Portugal”.
No decorrer do colóquio, Joaquim Morão, que foi um dos oradores da mesa redonda Raias Rayas, alertou para a falta de investimento nos territórios raianos e a falta de cooperação transfronteiriça, ao destacar que “as raias têm excelente património, mas estas zonas têm vindo a decair, estão completamente despovoadas. Não há investimento público, não se apoia o investimento privado e não há uma perspetiva de desenvolvimento. Precisamos de políticas públicas que saibamos aplicar no terreno. A cooperação transfronteiriça é ténue e temos novamente uma fronteira”.