João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
OS FOLHETINS TÊM FORTE TRADIÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS, talvez tenha sido a terra que os viu nascer – muitos lembrarão com nostalgia a série, Soap, que é o nome que traduz a ideia de folhetim, mais ou menos interminável e onde a trama pouco evoluía. Na velha Inglaterra deram continuação a esta tradição a que se juntou o famoso humor britânico de que os Monty Python são os melhores representantes (já agora, diga-se que os fabulosos Malucos do Circo, The Flying Circus, sempre tão atuais, fazem este ano a bonita idade de 50 anos. E quem quiser rever os delirantes episódios é ir ao Netflix). Ora o que se tem passado nas últimos dias (melhor será escrever últimas semanas, últimos meses) é uma autêntica novela, carregada de humor britânico de non-sense… onde o protagonista principal é aquela figura irreal chamada Boris Johnson (BJ). E tal como nas novelas, cada episódio termina sem se saber muito bem qual vai ser a ponta da meada que dará continuidade à história. E também BJ parece enredado na estratégia que foi traçando, na ânsia de sair da Comunidade a qualquer preço, mesmo contra o interesse da maioria da população, mesmo hipotecando o futuro das novas gerações. Quis afrontar o Parlamento mas saiu-lhe o tiro pela culatra. E ontem, depois de mais uma vez sair derrotado na casa da democracia, e sendo obrigado pela lei aí aprovada a pedir extensão da data de saída, fê-lo em dois sucintos parágrafos, em carta sem ser assinada. Para juntar à carta, essa sim assinada por si em que pede que não liguem ao que está escrito na primeira, que o deixem sair mesmo sem acordo, que cada um vá à sua vida que é melhor para todos. Será preciso dizer que este comportamento deixou estupefactos os dirigentes europeus, que já estão fartos da comédia? A soap opera vai continuar… Até quando não sabemos, mas que ainda vamos assistir a muitas peripécias e reviravoltas, quem sabe se novo referendo, ai disso não tenham dúvidas. E se num passe de mágica BJ retirar da cartola o coelho que dará passagem direta à saída, conseguindo numa semana o que se não conseguiu em dois anos. Sei lá… tudo é possível.