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18 de setembro de 2019

Maria de Lurdes Gouveia Barata
O FOGO DESTE SETEMBRO

Setembro traz sempre um sabor de novidade pelo regresso das rotinas retomadas depois de férias relaxantes e revitalizadoras, espera-se. Lembro-me dos setembros de regresso às aulas, ainda aluna, com a curiosidade bem desperta para conhecer novos professores, novos colegas, para rever antigos companheiros e nos contarmos tudo, matar saudades depois de longos dias de Verão. Naquele tempo eram férias compridas, quase três meses, e tempo que parecia nunca mais passar… O tempo agora passa num ápice e não é por uma questão de idade, ouço jovens referir como o tempo passa depressa. Levava-me isto a outras considerações, que me nego a seguir agora.
Este Setembro é de calor e não tem ar de Outono. O dourado está apenas no sol intenso, sem voejar de folhas envelhecidas. O calor nas vagas quentes anunciadas traz incêndios trágicos e ainda há pouco ouvi a voz agastada dum entrevistado, mas que é isto, começa um fogo às duas e tal da manhã?!, insinuando mãos criminosas que existem, inconsequentes por uma perturbação mental, embora seja igualmente perturbação mental pegar fogo sob desígnios de interesses materiais, mesmo que a mando de. As condições meteorológicas ajudam a que Portugal se incendeie, mas estremecemos também com o incêndio da Amazónia, porque somos cada vez mais de um planeta e não de um lugar. E não há senhores do poder que afirmam que as alterações climáticas não são o que os homens da ciência dizem?! Estes – o ecovilão Bolsonaro (como o apelidou num artigo a revista Sábado) e Trump – também são fogo destrutivo nas nossas vidas. Já que a escrita me arrastou nesta direcção, acrescento que é com regozijo que vejo a maioria dos jovens em alerta pelo planeta: as manifestações, motivadas pela adolescente Greta Thunberg, enchem de esperança um futuro mais consciente do que é não haver um planeta B. “Oiçam a ciência, oiçam os cientistas. Convidem-nos para conversar. Eu estou só a falar em nome deles, estou a tentar dizer o que eles dizem há décadas”, afirmou Greta Thunberg, a activista sueca que inspirou o movimento mundial contra as alterações climáticas: os estudantes estão em greve porque não têm outras opções. O planeta está realmente debaixo de fogo: o fogo destruidor dos ignorantes que correm atrás de lucros fáceis (tão efémeros!) com a pobreza de espírito da ganância e do egoísmo.
Há outro fogo neste Setembro de Portugal: o das campanhas eleitorais, que abrasam de falsas promessas na ânsia do poder, o fogo das palavras capciosas, mas também falaciosas, que a experiência vem confirmar em desconfiança, traduzida em votos brancos e nulos, ou numa abstenção insuportável para a cidadania, umas vezes eivada de indiferença mesmo, outras de posicionamento consciente e propositado de não participação no que se considera não valer a pena, outras ainda de desistência, o que é pior. Sempre achei que a abstenção é o maior mal. Devemos estar presentes num dever de cidadãos, mesmo com votos como os primeiros que referi – estou farto, mas não sou indiferente! Estou aqui! Fogo de debate também há, a fazer balanço de ganho ou perda.
Outro fogo está em desenvolvimento com o processo do Brexit. Vai chamuscar ou queimar mesmo?
Se o fogo simboliza a vida, o conhecimento intuitivo, a luz e a paixão, sendo um símbolo regenerador e purificador, por outro lado também possui um aspecto destrutivo. Deve-se então acudir ao fogo. E não se brinca com o fogo, o que pode tornar-se demasiado perigoso… sobretudo quando aqueles que têm poder brincam com vários tipos de fogos, atrevendo-se a pôr em risco toda a humanidade.
E o homem é fogo também… Na mão de todos os homens está a solução. Termino com Gedeão:
Meu coração é máquina de fogo,
luz de magnésio, floresta incendiada.
Combustar-se é o seu próprio desafogo.
Arde por tudo, inflama-se por nada.

Que o coração do homem se inflame pelo Planeta, pela paz e pelo bem comum.

18/09/2019
 

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