| Ano |

Error parsing XSLT file: \xslt\NTS_XSLT_Menu_Principal.xslt

28 de agosto de 2019

Fernando Dias
A jovem Feira do Pinhal e a velha Santa Margarida

A Feira do Pinhal já tem uma história de sucesso.
É uma imagem de marca do concelho de Oleiros e uma mostra de inegável afirmação regional. Podemos (e devemos) questionar o modelo, o calendário, o local, a dimensão e os gastos, mas estamos de acordo no essencial: a Feira do Pinhal deve continuar.
A Festa de Santa Margarida tem uma longa história de sucesso.
Reza a lenda que uma praga de gafanhotos invadiu os campos de Oleiros, tendo os agricultores pedido ajuda à Santa Margarida. Os gafanhotos caminharam até à ribeira, morrendo todos e assim acabou aquela calamidade. O povo, em sinal de agradecimento, prometeu uma festa anual em homenagem à santa e, desta forma, nasceu a Festa de Santa Margarida. É uma festa tradicional, organizada e paga pelos oleirenses, recheada de episódios, de memórias e de “rituais” que a tornaram tão genuína e querida. Recordem-se as procissões abrilhantadas pela Banda, o trabalho das mulheres no arranjo e no transporte do andor, o “fabrico” dos enfeites de papel, a alvorada e o fogo-de-artifício, as fogaças vindas de todos os lugares da freguesia, a subida ao poste na “caça ao bacalhau”, a entrega da bandeira, os botequins ambulantes, as merendas no arraial, os bailaricos, os harmónios, as apa relhagens, os conjuntos e os artistas, os arcos e as luzes, a quermesse, as rifas, os leilões, as bebidas e os petiscos, a brincadeira dos mais novos, o confraternização de todos e as saudades dos mais velhos. Tudo isto e muito mais é (foi) a Festa de Santa Margarida.
Infelizmente, a Feira do Pinhal foi tomando o calendário da Festa de Santa Margarida. Aos poucos, a Feira foi-se estendendo e, neste momento, já “ocupa” três das noites que “eram” da Santa Margarida. Parece-me inadmissível que, no dia maior da festa, o domingo, a Feira funcione até à meia-noite, enquanto o arraial (organizado pelas comissões de festas) esteja às moscas.
Isto não seria problema se em causa não estivesse uma questão cultural elementar, que se traduz em matar uma tradição, apagar um pouco da nossa história, desprezar parte do nosso património histórico. Em vez de acarinharmos as nossas raízes, as tradições, tudo o que nos torna autênticos, assistimos à desmotivação de muitas pessoas, à morte do arraial, à agonia da Festa de Santa Margarida.
Com o tempo, vai-se a vontade de organizar este tipo de festas, perde-se o gosto pelas tradições, perde-se a identidade da nossa terra. Sinal dos tempos? Não. Há muitas terras que dão prioridade absoluta ao que os antigos lhes deixaram e transformam isso em marcas locais de valor cultural, turístico e económico.
Temos um problema grave e não há soluções fáceis nem perfeitas. Embora seja “Cada cabeça sua sentença”, talvez fosse aceitável encerrar a Feira na quinta-feira ou na sexta-feira ou mudá-la para outra semana.
Sendo uma decisão difícil, parece-me que a Santa Margarida (e os oleirenses) merecem essa atenção.

29/08/2019
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
01/05 a 31/10
50 anos de abril: em cada rosto igualdadeMuseu Municipal de Penamacor
12/06 a 31/10
Uma Poética ResistenteMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
tituloNoticia
29/06 a 05/08
LilithGaleria Castra Leuca, Castelo Branco
10/07
Áleas do JardimMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2022

Castelo Branco nos Açores

Video