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8 de maio de 2019

Antonieta Garcia
AS MISTERIOSAS MIMOSAS

Anunciam o final de Inverno, aqueles cachos de flores amarelas; são a primeira nota de cor no verde /cinzento da paisagem. Às acácias, às mimosas dão-se as boas vindas pela alegria da luz. Mensageiras da primavera, crescem depressa, as sementes bailam com o vento… e elas erguem-se devotas, onde haja uma gota de água…. Perdidas as flores são um terror: tornam-se amantes do fogo, seduzem-no e alimentam-no. Contraditórias, delirantes e enigmáticas, estas bolinhas de ouro! Vestem-se cedo de luz para arderem em busca de um mundo desprovido de sombras?
Se a Europa as acolheu, foi por serem bonitas… Mas entre os hebreus, as acácias eram sagradas. Que mistério?
Tantas voltas enredam as lendas… Que é do tesouro escondido nas palavras do texto? Conta-se que Hiram, rei de Tiro, enviara um arquiteto a Salomão, Hiram Abiff, de sua graça. Criador capaz de edificar o Templo, pedra após pedra o levantou, o adornou com sensibilidade e inteligência, com engenho e arte. Causou desassossego tanta beleza. A inveja conspirava. Conluiam-se alguns, ávidos de conhecer o(s) segredo(s) da construção. Ameaçam Hiram Abiff. Acenam com a pena de morte, mas o arquiteto recusa a divulgação por duas vezes: “Perco minha vida, mas não revelo os segredos”. Os inimigos remoem em silêncio a negativa. O arquiteto mantém a integridade. É ferido. Instigam-no uma terceira vez…. Hiram é homem de antes quebrar que torcer… Os gananciosos cumprem a ameaça: assassinam o arquiteto sábio. O rei Salomão manda procurar o corpo. Os investigadores desalentados, exaustos, davam por finalizada a pesquisa, quando um deles, morto de sono, a cair de cansaço, tenta agarrar-se a um ramo de acácia. O ramo soltou-se…. a terra tinha sido removida recentemente…. Era ali, a sepultura de Hiram…E aquela acácia, ano após ano, renascerá até ao fim dos tempos.
Outros contadores dizem que foram três companheiros malditos que o feriram de morte, com a régua, o espaço e o compasso, os instrumentos de trabalho, por ser o único capaz de decifrar os mistérios do Templo, a sua simbologia secreta. Hiram ocultá-la-á sempre. Numa noite, conduziram-no ao Monte Moriah, inumaram-no e, vá lá saber-se porquê, assinalaram a sepultura… com um ramo de acácia.
Ainda há quem garanta que a acácia brotou do corpo de Hiram…. Anunciando que ressurreição?
Os narradores não são exatos nos pormenores, mas o ramo de acácia na sepultura está presente em todos os relatos…
A acácia aparece também no texto bíblico referindo a coroa de espinhos colocada na cabeça de Jesus, durante a Via Sacra. Por que razão os soldados romanos o coroavam com aquela planta espinhosa? Haveria, entre eles, alguém que perfilhasse o conhecimento de que a acácia era símbolo de sabedoria? Que a mimosa é um símbolo solar? Quem reparara que as flores abrem ao amanhecer e fecham ao pôr-do-sol?
Entre os judeus, a sagração da acácia inicia-se com Moisés que, a pedido do Senhor, ordenou que fizessem uma arca (Arca da Aliança) - (Êxodo 25:10); um altar - (Êxodo, 27:1); uma mesa (Êxodo 25:23), da madeira da planta…
A acácia também é emblema, símbolo de qualidade moral, de inocência, de fidelidade para os maçons.
Flor misteriosa, ambígua, José Régio celebra-a na Toada de Portalegre, como mensageira de alegria, elixir de esperança: “(…) Lá no craveiro que eu tinha, / Onde uma cepa cansada / Mal dava cravos sem vida, / Nasceu essa acáciazinha / Que depois foi transplantada / E cresceu; dom do meu Deus! (…). Quem desespera dos homens, / Se a alma lhe não secou, / A tudo transfere a esperança / Que a humanidade frustrou: / E é capaz de amar as plantas, / De esperar nos animais, / De humanizar coisas brutas, / E ter criancices tais, / Tais e tantas! / Que será bom ter pudor / De as contar seja a quem for! / (…) Cheia de sol nas vidraças / E de escuro nos recantos, / Cheia de medo e sossego, / De silêncios e de espantos, /-A minha acácia crescia./Vento suão! obrigado... / Pela doce companhia / Que em teu hálito empestado/Sem eu sonhar, me chegara!/ E a cada raminho novo / Que a tenra acácia deitava, / Será loucura!..., mas era / Uma alegria / Na longa e negra apatia / Daquela miséria extrema / Em que vivia, / E vivera, / Como se fizera um poema, / Ou se um filho me nascera.//.
Mimosas? Que outro destino mais notável e glorioso?

08/05/2019
 

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