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8 de maio de 2019

Celinha
A CELINHA A PROPÓSITO DO DIA 1º DE MAIO

A semana passada o meu avô ofereceu-me de uma só vez seis livros! Tudo porque lhe perguntei o que era o 1º de Maio e porque havia eleições para a Europa em Portugal em vez de irmos nós votar à Europa pois sempre dávamos um passeio.
O primeiro livro que me ofereceu foi O Primeiro Minuto Que Passou Do Dia De Hoje. Li-o. Este é um livro muito engraçado. Parece que nos fala do passado mas se o lermos atentamente está a falar-nos do presente. O primeiro minuto do dia de hoje? Reparem bem: o primeiro minuto de qualquer dia acontece à noite quando está escuro e sendo o começo é sempre o processo que dá origem ao próximo futuro. E é assim em todo o mundo: o primeiro minuto sendo o passado do segundo que entretanto já passou era o futuro do último minuto do dia que acabou. Este livro é um verdadeiro quebra-cabeça: fala-nos do passado e do futuro no momento em que o presente começa! Que encanto! Será que estou a sonhar? Ao primeiro minuto do dia de hoje mal eu sabia que qualquer minuto que se lhe seguia ia ser sempre o primeiro do resto do dia.
O segundo livro foi Como Sonhar a Cores. Neste livro aprendi que quando as palavras andam perdidas e ficam a pairar no ar o sono não as aconchega se não tiver cores para as explicar. O sonho talvez o explique quem sabe se conseguir evitar o ruído que sempre têm os momentos bem guardados no dia que os produziu à espera de explicação. Só que a preto e branco não. O sono é como uma pena que cai devagar e se aproxima até poisar no chão como se fosse de algodão. É então que os olhos fechados começam deliciados a ver o que o dia ofereceu ou a inventar o futuro que a noite adormecida nem sabe que prometeu e que depois voa voa como um pedaço de papel onde dobrámos um passarinho. Parece que adormeci devagarinho… Acho mesmo que sonhei. Ou será que não foi assim e estou a sonhar acordado com o terceiro livro que o meu avô escolheu para mim e se chama Caminhar Para Longe Longe do Perto Perto? Li o livro. O Longe Longe do Perto Perto é um lugar cheio de gente que parece deserto para quem lá não mora. No Longe Longe do Perto Perto em cada segundo dá-se a volta ao mundo e parece uma hora. Os Longe longistas e os Perto pertistas são gente pacata que não dá nas vistas. Mas todas as manhãs deliciam-se com as cores e os diversos sabores das suas maçãs. «Maçãs?» perguntei. «Sim maçãs o fruto proibido,» disse o meu avô.
Depois li o livro Subir para o Alto Alto. Pensei que era um manual que ensinava a trepar às macieiras do quintal. Mas afinal não era nada disso. Era um livro que se referia a outras conquistas e mais dedicado aos desafios dos alpinistas. Era assim o essencial: para quem a subir se cansa e já perdeu a esperança de chegar pelas próprias pernas aos picos das neves eternas há agora uma nova solução: viajar à boleia nas garras almofadadas e bem tratadas de uma águia ou na barriga de um avião. Quando lá bem no alto descobrir o pico que quer transformar em pista de aterragem é só transformar-se em paraquedalpinista e saltar. Boa viagem! Ou bom trambolhão porque vai a Descer para o Fundo Fundo que foi o livro que eu li a seguir. Bem este livro não ensina como abrir um poço nem a saber como a avestruz enterra o pescoço. Este é um livro para gente esperta que anda sempre à procura de uma boa descoberta. Reparem: quem quer saber como é o fundo mar não pode ficar na superfície a boiar tem mesmo de mergulhar e em muito mais de um segundo chegar bem ao fundo fundo. Quem gosta que um bom debate se não transforme num disparate ou numa grande discussão deve ir sempre ao fundo fundo da questão. Por fim quem apesar de carrancudo é uma alma boa tem de provar que no fundo fundo é mesmo boa pessoa.
Por fim li o livro Como Chegar ao Outro Lado do Outro Lado. Fiquei a saber que o Outro Lado do Outro Lado fica onde cada um de nós quiser. Pode ficar num muito estranho lugar onde só quem lá chega pode contar. Contar as pedras que rolam na frente das ondas do mar. Contar as nuvens por onde o sol teima em espreitar. Contar pelos dedos se ainda não aprendeu a contar o dinheiro. Contar uma história se houver alguém que a queira escutar. Mas o Outro Lado do Outro Lado também pode ser um lugar onde podemos ficar a saber: que o melhor do inverno é preparar a primavera. Que quem sabe fazer nunca se desculpa com o “quem me dera”. Que as abelhas para além do mel também fabricam cera e que parte mais contente quem soube ficar à espera.
Li os livros todos e perguntei ao meu avô se eles tinham alguma coisa a ver com o que lhe perguntei e sabem o que ele me disse a rir? «Têm e muito! Agora parecem-te histórias infantis mas quando cresceres vais ver que não são!»
«Não são?!» «Nessa altura vais descobrir que são histórias da política e dos políticos!»
Ainda bem que eu sou pequena. Não gosto nada da política.

08/05/2019
 

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