NA PASSAGEM DE 2018 PARA 2019 SERÁ DE BOM TOM MANIFESTAR O DESEJO DE QUE O NOVO ANO SEJA MELHOR, NO MÍNIMO IGUAL AO QUE AGORA ACABOU. Mas temos de ser realistas e assumir algum pessimismo, tendo em conta as nuvens negras que pairam sobre o mundo e que não prenunciam coisas boas. É um Brasil muito dividido que entrega o poder a Jair Bolsonaro, que nem mesmo no ato de tomada de posse, ao contrário do que pensavam muitos comentadores que apostavam num discurso conciliador capaz de unir os brasileiros, não resistiu à tentação do discurso radical e disruptivo, acima de tudo dirigido aos seus seguidores e que assume como primeira prioridade do seu novo governo restaurar a ordem dando a possibilidade a cada um, desde que não tenha cadastro, possuir e usar arma, bem como aceitar ou mesmo estimular a que as forças policiais atirem a matar sobre qualquer bandido que se lhe atravesse no caminho. A chegada surpreendente ao poder de um homem que em muitas, muitas matérias mostra uma manifesta impreparação e que, mesmo tendo-se manifestado por diversas vezes a sua admiração pela ditadura militar, conseguiu a proeza de constituir um governo com mais generais, sete, do que os do tempo da ditadura, não é um epifenómeno é antes mais  uma manifestação do populismo da extrema direita que varre também Europa, em Italia,  Hungria, Áustria… Em Espanha com o sucesso instantâneo do movimento Vox, em França com Marine LePen a liderar sondagens e até o inimaginável de vermos o farol da socialdemocracia como a Suécia, Dinamarca, Finlândia a ter partidos da extrema direita xenófobos e eurocéticos a integrar governos ou com percentagens de votos à volta dos 20 por cento. Por isso, as próximas eleições para o parlamento europeu podem provocar uma autentica revolução e por em causa a coesão europeia. E se isso não bastasse, a Europa tem ainda uma enorme dor de cabeça que se chama Brexit, marcado para 29 de março e que cada vez mais parece ser uma batalha perdida para Theresa May. Se isso acontecer e se se for para uma saída unilateral, sem acordo, será o caos a instalar-se no Reino Unido. E não serão apenas os ingleses a sofrer as consequências, toda a economia europeia, incluindo a portuguesa, a entrar num período de crise económica e social da qual não conhecemos as consequências. Num momento em a Europa que não pode contar com um aliado de sempre, a América,, liderada por um homem que governa pelo Twitter e de decisões erráticas e baseadas em feelings de momento. Por tudo isto, estão as condições criadas para a tempestade perfeita que pode abalar a economia mundial ou mesmo a democracia ocidental. Bom ano de 2019 para todos os leitores da Gazeta do Interior.

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