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14 de novembro de 2018

José Dias Pires
O ATIVISMO ASSOCIATIVO, OS PLANOS DE ATIVIDADES E OS ORÇAMENTOS E OS APOIOS INSTITUCIONAIS

Aproxima-se o princípio de um novo ano civil e económico.
Num incalculável número de reuniões, as equipas associativas preparam os seus Planos de Atividades e Orçamentos para o ano que se aproxima, desejando não frustrar as expectativas de quem as compõe e daqueles a quem pedem apoio.
E a participação associativa? Que papel desempenha na construção dos novos documentos que hão de determinar o funcionamento e a razão de ser das associações?
Parece uma pergunta descabida, mas creio que não o é. A participação associativa constitui uma dimensão chave da cidadania nas sociedades democráticas contemporâneas, porque consubstancia a única palavra que justifica o associativismo — o ativismo cívico.
As trajetórias associativas desenrolam-se através de um processo gradual e cumulativo de experiências, despoletado com a adesão voluntária a associações ou a tomada de iniciativa para realizar atividades cívicas em contextos informais, onde os participantes (ativos ou passivos) podem ser mentores ou beneficiários ou assumir ambos os papéis. A motivação que emerge das atividades onde participam, da qual sobressai o gosto em conviver e interagir, a inerente socialização e a necessidade de satisfazer necessidades ou resolver problemas das comunidades a que pertencem, estimulam uma participação mais ativa e regular, que culmina na assunção de responsabilidades de gestão nas organizações onde iniciaram a sua colaboração ou na constituição de associações próprias.
A participação associativa, o ativismo (gosto mais da designação ativismo, desde que tal conceito não se conjugue com oportunismo) revela-se (ou devia revelar-se), cada vez mais, como um projeto e um processo de participação cívica que se vai construído ao longo da vida.
Os processos de participação cívica têm sempre um caráter multidimensional e são interdependentes de aspetos de natureza mais pessoal, inerentes à personalidade e às motivações de cada um e às oportunidades resultantes dos contextos sociais onde estão inseridos, indicando que a génese do ativismo cívico se encontra na influência recíproca entre fatores individuais e fatores estruturais.
Os fatores individuais, enquanto catalisadores da participação, fazem sobressair aspetos menos valorizados, designadamente o papel desempenhado por qualidades pessoais relacionadas com a autoconfiança, a capacidade de iniciativa, a curiosidade em adquirir novos conhecimentos e em interagir socialmente, a responsabilidade, a consciencialização sobre problemas do meio social, a valorização do ativismo cívico como elemento de definição identitária e enquanto projeto significativo. Estes são diferentes atributos que se articulam e se reforçam mutuamente, explicando a adesão às atividades cívicas. A sua conjugação com as condições estruturais —designadamente os apoios institucionais e as oportunidades de inserção profissional (não oportunistas) geradas nas ou pelas associações — conduzem à sustentabilidade e continuidade dos percursos de participação cívica.
É aqui que entram as questões das dinâmicas da participação cívica e política (que não partidária) nos desenhos dos Planos de Atividades e dos Orçamentos associativos.
Tanto a quem os desenha (escreve), como a quem, depois da sua análise, decide os apoios que merecem, os Planos de Atividades e os Orçamentos devem ajudar a compreender como se processa o envolvimento ativo das associações, o que implica identificar os fatores facilitadores e motivadores, as dificuldades e os obstáculos que permitam analisar as ligações entre os fatores intervenientes no processo e o papel da ação individual na sua dinâmica.
Até que ponto os Planos de Atividades e os Orçamentos associativos são capazes de ajudar a compreender qual é a dimensão dos ganhos sociais e das competências cívicas, estimuladas pelas experiências significativas proporcionadas pelos contextos de intervenção e as interações subjacentes ao seu desenvolvimento? Sabemos que as escolhas que justificam a decisão de participar na vida cívica se apoiam (deviam apoiar-se) numa avaliação simultaneamente racional e afetiva, e esperam sempre refletir compensações materiais, sociais e cívicas, fazendo coincidir os interesses individuais com os interesses coletivos.
É inegável que o associativismo é um meio de educação não formal que promove a socialização para a cidadania e que a participação associativa — o ativismo — é um processo dinâmico e exigente que implica a convergência entre a posse de recursos (especialmente humanos) e a vontade de intervir na esfera pública.
Para quem decide do merecimento ou não merecimento dos apoios requeridos pelos Planos de Atividades e dos Orçamentos associativos, é importante saber compreender se os recursos necessários estão relacionados com a capacidade de envolvimento coletivo das atividades cívicas e a sua combinação com as motivações expressas que permitem mobilizações comunitárias a favor dos seus projetos, dando lugar a uma participação regular e continua.
Aproxima-se o princípio de um novo ano civil e económico. Preparam-se novos Planos de Atividades e Orçamentos associativos.
Esperemos que em todos eles não seja possível dissociar a capacidade da vontade.
É a sua influência recíproca que desencadeia e justifica a longevidade das trajetórias associativas e os apoios que as ajudam a sustentar-se.
Desejamos que quem decide sobre os apoios também o saiba. Todos ganharemos com isso.

14/11/2018
 

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