No final do artigo anterior, referi que neste artigo iríamos falar com um senhor que tem muitos anos na organização de provas disputadas em estrada no concelho da Covilhã. No entanto, a Associação de Atletismo de Castelo Branco divulgou a realização de um curso de juízes de atletismo e acho que se torna oportuno antecipar um artigo já previsto a falar sobre o papel dos juízes no atletismo, artigo este que pode tornar-se útil para quem possa estar na dúvida em frequentar o referido curso.
Nas provas disputadas em estrada, o trabalho dos juízes começa com a montagem do chamado funil. Após a linha de chegada, que na maior parte das vezes è marcada pelo juízes, é feito um corredor que vai diminuindo de largura até que chega a uma parte que se mantem de largura constante durante alguns metros, tendo esse corredor no final a forma de um funil. O tiro de partida é dado por um juiz (em certas provas algumas partidas podem também ser dadas por alguém convidado pela organização) e nessa altura outro juiz aciona os cronómetros para poder tirar o tempo aos atletas. Nas chegadas dos atletas, este último juiz fica alinhado com a linha de chegada e vai tirando os tempos à medida que os atletas vão chegando. Na ausência de vídeo finish, o juiz cronometrista é fundamental para que, em caso de chegada ao sprint de dois os mais atletas, indique quem terminou primeiro a prova. Depois de cortarem a linha de chegada, os atletas vão percorrer o funil onde vão passar por dois postos de controlo de juízes que estão a registar aos números dos dorsais pela ordem de chegada e os irão transmitir ao secretariado. Em caso de provas de circuito, os juízes têm a função de controlar se os atletas dão as voltas previstas no regulamento. Em circuitos com voltas pequenas e voltas grandes, os juízes também são responsáveis por fechar e abrir as mesmas. Uma função a que geralmente se chama de agulha. Em provas de corta mato e montanha as funções são praticamente as mesmas.
Nas provas disputadas em pista, o trabalho dos juízes é muito variado. Nas corridas, os juízes são responsáveis pelas partidas, pelo controlo de voltas e pelas chegadas, que engloba registo de dorsais e de tempo. Antes da partida, em provas que são disputadas em pistas individuais os juízes confirmam se os atletas estão nas pistas corretas e se os dorsais estão bem colocados. A partida é dada de acordo com as regras da prova (se for em blocos a partida é dada de uma forma, se não for é dada de outra forma) e o juiz, na ausência de sistema de deteção de falsas partidas, verifica se é feita alguma falsa partida. Nas corridas de barreiras ou de obstáculos, os juízes são responsáveis pelo transporte das barreiras e dos obstáculos, pela sua colocação no local certo e na altura respectiva de cada escalão e por verificar se as barreiras e os obstá- culos são transpostos de acordo com as regras. Nas provas de estafetas, para além de verificarem se os atletas estão nos locais corretos, os juízes são responsáveis por verificar se a passagem de testemunho foi feita correta-mente. Nas corridas onde é preciso medir a velocidade do vento, são os juízes que colocam o anemómetro no local correcto e efectuam a medição de acordo com as regras. Nos lançamentos, para além da marcação dos sectores os juízes analisam se os mesmos são bem executados e fazem a sua medição. Nos saltos as funções são idênticas às quais se junta a medição da velocidade do vento naqueles saltos que as regras o exigem. Nas provas de marcha, para além da partida e chegada, os juízes são responsáveis por ver se a marcha está a ser executada corretamente.
Ficou aqui o resumo das funções de um juiz de atletismo, funções estas que são definidas pelos elementos do Conselho de Arbitragem. O Conselho de Arbitragem da Associação de Atletismo de Castelo Branco é presidido por Nuno Almeida que é acompanhado por João Guilhermino e Abel Cardoso. Como suplentes estão Miguel Beirão e João Cunha. O trabalho deste órgão começa alguns dias antes das provas com a convocatória dos juízes.
Manuel Geraldes

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