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15 de agosto de 2018

Lopes Marcelo
HISTÓRIAS E EXPRESSÕES POPULARES

Tendo salientado no mês passado a importância da literatura oral tradicional para a cultura popular, pois constituem narrativas genuínas e expressão de memórias e vivências, importa referir alguns exemplos de testemunhos originais recolhidos junto de pessoas idosas das nossas comunidades rurais.
O arcaz do cereal. Numa família rural de fracos meios financeiros, a mãe era a dedicada abelha mestra que tudo fazia para que os filhos pudessem continuar os estudos, até porque não lhe fora possível frequentar a escola. Contudo, em casa, o pouco dinheiro que havia era o marido que o guardava e dele não abria mão. Então, por vezes, recorria à venda de alguns produtos agrícolas, sempre em segredo. Assim, um dia para encher a medida de meio alqueire de cereal, colocou dentro do arcaz, em cima do grão, o filhote mais pequeno, recomendando-lhe:
- Toma cuidado, enche o meio alqueire, mas repara bem nos riscos que aí estão feitos para deixares tudo igual.
O tabuleiro do pão. No forno da aldeia, todas as famílias coziam regularmente o pão. Para o dia-a-dia era de farinha de centeio e, nos dias de festa, de farinha de trigo. No tabuleiro seguiam para o forno uma dezena de pães em massa. Depois de cozido, um dos pães ficava no forno como pagamento da utilização do forno – era a designada poia – e os restantes vinham para consumo da família. Ora, por vezes, o engenho da dona da casa, perante a necessidade de conseguir algum dinheiro, recorria à seguinte solução: já no forno, retirava uma pequena porção de massa de cada pão e, juntando-as, fazia mais um pão que depois de cozido era vendido no forno com a solidária colaboração da forneira. Assim, trazia para casa o mesmo número de pães e obtinha algum dinheiro que era aplicado no essencial das necessidades do lar.
Conselhos sábios. De uma sogra já idosa, para a nora que acabara de casar:
- Olha filha, para lambedelas não, mas para tapar a fome ou o cu a um filho, até um quejo do cincho se chega a vender, sem o homem saber.
- Olha filha, a gente faz o caldo na panela de ferro que está sempre ao lume. Faz a panela mais cheia e o caldo mais basto e, antes de o nosso homem vir, tiramos para nós comermos e voltamos a encher a panela com água que volta a ferver. Então, quando o nosso homem vier, se chega bem disposto, voltas a comer com ele. Se vier mal disposto, já estás à meia barriga.

*Diz uma pessoa para outra, querendo retribuir um favor:
- O que é que te heide-dar?
Responde-lhe quem, não quer receber nada:
- O frio com o quente para não escaldar!

*Ao passar uma pessoa por outra, a primeira dá-lhe a salvação: Bom dia! Se a outra nada responde, desabafa a primeira: Deus dê voz aos burros, já que há pessoas que não a aproveitam.

*Quem fala de mim, quem fala?
Quem fala de mim quem é?
É algum chinelo velho que me não serve no pé!

*Tenho uma laranja azeda à ponta do meu telhado, para dar aos badalões que de mim tanto têm
falado.

*Olhai, vale mais duas barrigas meio cheias, do que uma barriga muito cheia.

*Olhai, vale mais burro que me leve do que cavalo que me deixe a pé.

*Designação de simplório: És um bebe água!

*Faz mais quem quer do que quem pode!

*A água tudo lava, menos a má palavra e os maus corações.

*Papo de nora e de genro, nunca está satisfeito.

15/08/2018
 

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