Arte pastoril marca presença no Centro Cultural Raiano
No Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, está patente, a partir da próxima sexta-feira, 20 de julho, a exposição Quem tem vagar, faz colheres, dedicada à arte pastoril. A mostra, que pode ser visitada até 30 de outubro, apresenta cerca de 20 peças inspiradas em fontes e registos etnográficos da região do Alentejo que entram em diálogo com um conjunto de objetos do território do Concelho de Idanha-a-Nova.
A exposição cruza as áreas da ilustração, do design, da etnografia e da arte popular, no sentido de uma atenta revisitação aos patrimónios e identidades pastoris da Beira Interior e do Alentejo.
Trata-se da apresentação pública de um trabalho que Sílvia Lézico, designer e ilustradora, que tem vindo a desenvolver, desde 2012, a partir de um dos mais significativos valores culturais alentejanos, a arte pastoril, património que tem explorado no seu potencial artístico contemporâneo.
Sílvia Lézico aposta na criação de peças de autor que se tornam diferenciadoras e com histórias para contar. As referências à arte popular são reinventadas em objetos que iniciam eles próprios a memória de amanhã.
A artista afirma que “na procura de expressões gráficas identificativas da região do Alentejo, descobri uma forma de arte popular, a arte pastoril, que se revelou uma fonte inesgotável de referências visuais e texturas”.
A Arte Pastoril é uma das expressões mais ricas da arte popular portuguesa. São objetos do quotidiano feitos e decorados à navalha por pastores no campo, nas horas vagas do pastoreio. A exposição Quem tem vagar, faz colheres, pretende abordar esta dimensão a partir de um olhar do presente e, sobretudo, a partir de um espaço de partilha, reflexão, pro- posição e ação, como o Centro Cultural Raiano. Criando uma interface entre os objetos, a criação artística e os territórios pastoris.
O resultado desta investigação constitui um registo gráfico em permanente construção, devido à sua grande complexidade, vasto número de registos e enorme riqueza gráfica. A junção e/ou cruzamento com as coleções do CCR e afins denota um conjunto de leituras amplas e motivadoras que se posicionam nos férteis questionamentos de um olhar para o presente destes saberes, tal como os novos usos das paisagens pastoris.