Joaquim Martins
Apontamentos da Semana...
O Estado da Nação – O debate do estado da nação não teve grandes ecos. No fim de semana, que se seguiu, o futebol e o Cristiano Ronaldo foram muito mais importantes. Para a Imprensa em geral e para os comentadores.
Quem acompanhou o debate ter-se-á sentido frustrado. Falou-se menos sobre os problemas do País e mais sobre os fantasmas que o outono vai trazer a embrulhar o próximo Orçamento de Estado. A direita enfatizou o fraco crescimento económico, a dívida e as situações de confronto na área da saúde e da educação; os partidos à esquerda do PS preferiram continuar a defender projetos pessoais, em vez de valorizar os sucessos conseguidos – mais emprego, menos défice, mais crescimento económico. O Governo esteve debaixo de críticas, quer à direita quer à esquerda.
O PS e António Costa defenderam as políticas seguidas e deixaram muitos recados, sobretudo aos parceiros da solução governativa. Lembrando que “os resultados não aconteceram por acaso”, reconhecendo que “temos de melhorar” mas que o “esforço terá de continuar”, o PS deixou claro o que espera para o próximo Orçamento “superar as dificuldades, continuar os sucessos, prosseguir o caminho”. Ou seja, para o PS e para António Costa, “a Geringonça”, que a direita considera estar moribunda e sem hipóteses de revitalização, tem futuro, “prestígio internacional” e capacidades ainda não exploradas. Como referiria António Costa “a Geringonça não está só no nosso coração, mas na nossa cabeça” – uma mensagem que é clara: O PS continua a acreditar que é possível governar com o apoio, dos partidos à sua esquerda e que a continuação do modelo só depende deles.
Em síntese, o debate do estado da nação, teve um mérito. Deixou claro o que está na cabeça dos partidos, em relação ao próximo Orçamento. A direita vai votar contra e continuar a tentar que a Geringonça parta, porque discorda das políticas em curso; A esquerda, que tem viabilizado o governo PS, vai continuar a pressionar, mas acabará por viabilizar o Orçamento, porque reconhecerá que a consolidação implica continuar o caminho traçado.
O estado da nação é de convalescença. Esperançosa. Num verão sem fogos e num outono sem trovoadas.