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11 de julho de 2018

José Dias Pires
A TERRITORIALIDADE MUSEOLÓGICA E O TRABALHO EM REDE

Tal como é dito na nota de abertura do segundo número, a nova série da revista Materiaes pretende manter vivo o espírito do seu fundador: utilizar as dimensões arqueológica, histórica e etnográfica para conhecer o passado da região que Castelo Branco centraliza.
Esta ideia consubstanciava algo que é fundamental para compreender o estudo dos patrimónios comunitários em contexto museológico: a territorialidade.
A questão da territorialidade é hoje indispensável para a justificada abordagem que importa fazer no que concerne à reorganização museal e criação de redes museológicas locais.
Na nossa comunidade, urge fazer o debate sobre estas questões sem temer a possibilidade de haver perspetivas diferentes.
Quem observar com atenção o que se vem designando por redes museológicas locais compreenderá que, numa grande maioria, elas parecem não estar preparadas para enfrentar os desafios da sociedade globalizada e não têm propensão para uma prática baseada no sócio museologia.
Essas estruturas museológicas locais tendem a não assumir uma forma organizativa horizontal, mas antes caiem na tentação da verticalidade dificultando a prática sócio museológica.
As boas práticas nacionais e internacionais na criação de redes museológicas locais não dispensam planos estratégicos que têm por base a sócio museologia.
Importa, pois, perguntar se na nossa comunidade existe, para o efeito, um plano integrado de funcionamento em rede capaz de constituir um fator de desenvolvimento comunitário e de ajudar a superar as debilidades e ameaças que forem identificadas na problemática da organização institucional dos nossos espaços museológicos.
Em suma: o caminho a percorrer obriga o assumir de uma estratégia de funcionamento institucional que aposte no incremento dos princípios da cooperação estratégica; da corresponsabilização e concertação comunitária; da valorização do potencial humano conferindo um enfoque central no envolvimento das populações nos desígnios institucionais visando a preservação de identidades próprias; do reforço da coesão social assente numa ação museológica apoiada nos valores identitários, patrimoniais e memórias das comunidades do município.
Este intento passa, indubitavelmente, pela assunção plena do papel da nossa autarquia, não no controlo mas sim na sua regulamentação, no fomento e moderação em todo o processo, incentivando e incrementando a autonomia, a descentralização de poderes e a territorialização.
Estou convicto que este é o caminho para alicerçar a efetiva criação de uma rede de espaços museológicos, num conjunto de lugares patrimoniais e de equipamentos idealizados para um espaço de múltiplos traços identitários e de variadas realidades sociais.
A parte mais importante está feita – os múltiplos, diferenciados e potencialmente complementares espaços museológicos – falta apenas, e não é pouco, fundamentá-los nos princípios sócio museológicos basilares, tendo em consideração que a ação museológica assenta numa estreita teia de relações entre o ser humano (enquanto conhecedor); o objeto (como bem cultural que integra a realidade do qual o ser humano é parte intrínseca); um espaço denominado museu (que é lugar privilegiado de reflexão, diálogo e problematização) e, por fim, a função social dos espaços museológicos e (ou) interpretativos.
O concelho de Castelo Branco tem todas as condições para otimizar os recursos museológicos disponíveis.
É importante trabalhar em rede? Sim.
É necessária uma rede museológica em Castelo Branco? Naturalmente.
Importa, por isso, não esquecer algo que Francisco Tavares Proença Júnior nos ajudou a perceber: o trabalho e a planificação da ação museológica tem como horizonte não apenas a função de colecionar, documentar, conservar, investigar e expor, mas, sobretudo, a ação de comunicar e interpretar o património, as identidades e as memórias a favor da qualificação comunitária.

11/07/2018
 

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