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23 de maio de 2018

Fernando Raposo
O PAÍS, HOJE, É O QUE É: UM PAÍS MUITO DESIGUAL

Ao longo da última década e meia, o número de vagas no ensino superior aumentou de forma galopante, nas instituições de ensino superior do litoral.
Segundo dados do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, em Lisboa e no Porto, esse aumento foi, entre 2001 e 2017, de 31%, ou seja, mais 5.266 vagas.
Com uma baixa acentuada da taxa de natalidade e com o ritmo do aumento do número de vagas atrás assinalado, o desfecho não poderia ser outro senão o da desertificação do interior.
Não se entende que, estando a “Academia” dotada de recursos humanos altamente qualificados e reconhecidos, não se tenha dado conta de que o aumento de vagas naquelas circunstâncias acarretaria graves prejuízos para o interior do país – em particular para as instituições de ensino superior e também para as empresas – e acentuaria ainda mais as desigualdades entre o interior e o litoral, pondo em causa os princípios segundo os quais se parece, digo bem, nortear a democracia: liberdade, igualdade, solidariedade, etc., etc,.
Por cada vaga a mais no litoral, foi-se perdendo uma no interior do país, vivendo muitas das instituições, em particular as do ensino politécnico, com inúmeras dificuldades
Por opção (ou talvez por indiferença) dos sucessivos governos, o país, também nesta matéria, se foi “litoralizando”. E hoje, é o que é: um país muito desigual, com mais ou menos 70% da população “enfiada em caixotes”, ali mesmo ao pé do mar. À medida que nos afastamos do litoral e a humidade do ar fica menos densa, o território vai ficando mais vazio, sem gente, o calor é mais intenso e as horas são mais vagarosas. Esquecido por muitos, o interior perdeu “depois de 1960, um milhão de habitantes, ou seja, 37,5% do total” (Público, 18 de Maio de 2018, p.10). É muita gente, tanta gente que, dividindo o número dos que por cá ainda resistem, dará pouco mais que um quarto de habitante (0,28) por quilómetro quadrado.
Ainda segundo o jornal Público, “89% dos alunos do ensino superior” estão concentrados nas instituições do litoral do país (apenas continente).
Recentemente, o Governo de António Costa decidiu reduzir o número de vagas em Lisboa e no Porto em 5%, significando em termos absolutos uma redução de 1.100 alunos. Embora sendo um valor residual, ele representa um primeiro esforço no sentido de promover a mobilidade e a fixação dos estudantes no interior, pelo que o esforço que agora se iniciou deve ser continuado, forma gradual, acompanhado de outras medidas, muitas das quais apresentadas publicamente, no dia 18 de Maio último, pelo Movimento para o Interior. Aliás, os cortes nas vagas nas instituições do litoral é uma das medidas defendidas e sublinhadas por este Movimento.
Mas não basta o esforço do Governo Central, é fundamental que, no interior, as autarquias, instituições de ensino superior, empresas e outros agentes locais não se demitam das suas responsabilidades e sejam capazes de criar as sinergias necessárias à prossecução de um mesmo objectivo, ou seja, o do desenvolvimento económico, social e cultural das regiões.
Em termos de ensino superior, importa criar no interior do país instituições de referência em determinadas áreas de formação, alinhadas com as potencialidades e recursos endógenos e com as estratégias de desenvolvimento de cada região, pelo que o esforço conjugado de todos se torna indispensável.
A captação de alunos internacionais, em particular dos países de expressão Lusófona, é outro dos desafios que se colocam às instituições do interior do país que se têm vindo a confrontar com a redução do número de alunos.
O Instituo Politécnico de Bragança é nesta matéria o melhor exemplo, tendo entre os seus alunos o maior número de estudantes internacionais (mais de 2.000), pelo que deve ser seguido como referência por outras instituições.
Também no Instituo Politécnico de Castelo Branco tem vindo a fazer-se esse esforço de internacionalização, o qual deverá ser intensificado e apoiado, em particular pelo Município, dada a importância que o Instituto Politécnico representa, em termos económico e sociais, para a cidade e para o concelho.
É sabido que um dos maiores problemas dos estudantes internacionais é a falta de alojamentos.
A oferta pública ao nível de residências é escassa e insuficiente para os alunos nacionais, pelo que o contributo da Câmara Municipal em termos de disponibilidade de alojamento para os alunos estrangeiros, em particular dos PALOP, se torna crucial.
Castelo Branco, dispõe, sob a tutela do Ministério da Educação, de uma residência de estudantes, conhecida por Residência Gulbenkian, com capacidade significativa de camas e que está hoje subaproveitada. A sua aquisição pela Câmara Municipal, para o fim atrás enunciado, seria por todos entendido como um gesto de cooperação com o Instituto Politécnico de Castelo Branco nesse esforço de internacionalização.

23/05/2018
 

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