Apontamentos da Semana...
Abril sempre! – Voltamos a celebrar abril. O Abril ainda com maiúscula e com cravos. O Abril que abriu portas e sonhos. O Abril em que o povo saiu à rua e ganhou a liberdade. O Abril da paz, do trabalho e do pão. O Abril dos capitães. O Abril do Povo Unido. O Abril dos três D’S: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.
Hoje continua a ser esse Abril que celebramos. Apesar do formalismo. Apesar de se ter perdido a magia da festa na rua. Da poesia no ar. Do sorriso em todos os rostos. Celebramos a democracia, a responsabilidade e a cidadania. Quer na Assembleia da República, quer nas Assembleias Municipais os eleitos do povo convidam à reflexão e à vivência democrática. Apresentam visões diferentes,mas enriquecedoras. Dão significado à participação cívica na vida da polis. Do País. Lembram as conquistas e os desvios. Alimentam a memória e esboçam os caminhos do futuro.
É pouco? Nada diz aos mais novos? Talvez. Para a maioria, o 25 de abril já é apenas um feriado. Que tem cravos vermelhos. Música. Discursos e desfiles. Onde, estranhamente, se fala de liberdade. Um bem precioso, é certo, mas de que não conhecem a sensação de perda. A realidade dos jovens e da maioria dos trabalhadores é outra. Estão na onda das comunicações eletrónicas. Das redes sociais. Do mundo virtual. Preocupados ainda com a paz, o trabalho e o pão? Sim, mas de forma diferente. O País é outro. Há segurança e paz. Há pão e o trabalho, anda que precário, está a recuperar. Estamos a viver um tempo novo, com problemas novos e novos desafios. Já não há fronteiras na Europa. O mundo globalizou-se e está ao alcance de um clique.
Talvez já nem tenham sentido as sessões formais evocativas. São rituais. Que carecem de explicação. Que não resistirão à erosão do tempo.
Importa pensar a mudança. Preparar os cibernautas para partir à descoberta de novas plataformas. Digitais e não só. Que tragam segurança e desenvolvimento. Que preservem a liberdade. Que, acima de tudo, defendam a vida e a dignidade humana! E onde não faltem, viçosos, os cravos de Abril.