| Ano |

Error parsing XSLT file: \xslt\NTS_XSLT_Menu_Principal.xslt

31 de janeiro de 2018

Fernando Raposo
INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO, QUE FUTURO QUEREMOS?

Os problemas do ensino superior não são de hoje. As causas são inúmeras, contudo a vida das instituições de ensino superior, sobretudo as do interior, agravou-se ainda mais, com a crise financeira que assolou o país, no início desta década.
Apesar da criação dos instrumentos legaisnecessários à criação de consórcios entre instituições, que outro objetivo não tinham senão a dacoordenaçãoda oferta formativa,de actividades de investigação e prestação de serviços, da coordenação de recursos humanos e materiais, da reafectação de pessoal e redistribuição de recursos orçamentais e da articulação a nível regional das instituições, nada foi feito.
A cooperação das instituições, sobretudo entre as do interior do país onde a crise mais se fez e faz sentir, contribuiria, a meu ver, para mitigar as consequências da crise tendo em conta a escassez de recursos e as restrições orçamentais.
Acrescente-se ainda que, face à forte concentração da oferta nas instituições do litoral, foi-se assistindo ao longo deste século, sobretudo a partir de 2010, a uma redução significativa da procura nas instituições do interior do país. Contudo, esta redução não tem origem apenas na excessiva litoralização da oferta, mas também nas dificuldades financeiras das famílias para manterem os seus filhos a estudar fora das suas áreas de residência. Não podemos ignorarque muitos dos estudantes que frequentam as instituições do interior do país, em particular os politécnicos, são provenientes de famílias com rendimentos mais modestos.
A falta de cooperação das instituições, nos termos em que atrás me referi e a tomada de decisões de natureza mais estratégica e estruturante pode justificar-se, em meu entender, pelo condicionamento e frágil legitimação dos decisores. Conforme decorre da lei, os responsáveis das instituições (reitores e presidentes) são eleitos por um Conselho Geral, composto por 15 a 35 membros, em que mais de metade da totalidade dos membros são representantes dos professores e investigadores, os estudantes representam no mínimo 15% e as “personalidades externas de reconhecido mérito” (cooptadas por aqueles), representam pelo menos 30%.
Ora, é este pendor eminentemente corporativo da fonte de legitimação dos decisores que, na minha modesta opinião, condiciona a tomada de decisões e é responsável, também, pela situação difícil de muitas instituições.
Os recursos financeiros mal chegam para pagar aos colaboradores (pessoal docente e não docente), pelo que aquisição de materiais e equipamentos, a realização de visitas de estudo, a conservação de edifícios e outros equipamentos, a renovação da frota de transportes, etc., estão inevitavelmente comprometidos, pondo em causa o objectivo mais nobre das instituições, ou seja, a qualidade do ensino.
Este é um cenário comum à maioria das instituições de ensino superior e no Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) não é diferente.
Aliás, o IPCB tem um problema acrescido que é o de não ter sido capaz, ao longo dos anos, de ajustar, em algumas áreas de formação, a sua oferta com as necessidades da procura, pelo que tem hoje áreas dotadas de recursos humanos altamente qualificados sem alunos, e outras em que a taxa de procura é bastante satisfatória ou até mesmo elevada, mas sem docentes em número suficiente, porque os recursos financeiros são insuficientes.
Nos últimos dois anos de colocação, de entre as instituições do raio que vai de Portalegre à Guarda, Castelo Branco foi a instituição que, relativamente à 1ª fase de colocação, teve mais cursos com zero colocados. De notar ainda que ao contrário de Portalegre, Castelo Branco e Guarda, que viram reduzir, ao longo dos últimos anos, o seu número de alunos, a Universidade da Beira Interior (UBI) aumentou significativamente, fixando-se hoje acima dos 7.200 alunos.
Todos os que trabalham e estudam no IPCB têm consciência dos problemas enunciados.
Há muito que venho insistindo na necessidade de inverter a situação que se vive no ensino superior, através da adopção de uma “política de redistribuição harmoniosa e equilibrada de cursos e vagas, capaz de promover a mobilidade interna dos estudantes e assegurar o desenvolvimento económico e social de todo o território nacional”.
Mas só isto não basta, é necessário que internamente, em cada em cada uma das instituições, e em particular no IPCB, tenhamos consciência das nossas debilidades e fraquezas e assumamos que ninguém é dispensável no esforço de inverter o caminho que temos vindo a trilhar, fazendo do IPCB, a maior instituição de ensino superior do interior do país, como já o foi antes de 2004/2005.
Nessa altura, sobre a presidência do Professor Valter Lemos, o IPCB chegou a aproximar-se dos 5.000 alunos (chegou a ter mais 100 do que a UBI) e o seu orçamento andaria na ordem dos 23 milhões de euros, o que diz bem do prestígio e reconhecimento granjeados pela instituição. São desse tempo a criação da Escola Superior de Artes aplicadas e a integração da Escola de Enfermagem e a consequente passagem a Escola Superior de Saúde, que são hoje as maiores escolas do IPCB.
Agora que entramos no período eleitoral para a Presidência do IPCB, importa que todos tenhamos consciência de que os desafios que temos pela frente não são consentâneos com a inexperiência e a incerteza e antes requerem um presidente experiente, conhecedor, com visão estratégica de futuro,que seja reconhecido e saiba abrir portas e motivar os recursos humanos ao serviço da instituição.
Importa pois saber que futuro queremos para o IPCB.

31/01/2018
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
01/05 a 31/10
50 anos de abril: em cada rosto igualdadeMuseu Municipal de Penamacor
12/06 a 31/10
Uma Poética ResistenteMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
18/09 a 26/10
TerraRua de Santa Maria, Castelo Branco
28/09 a 03/11
Punctum – O Jazz em PalcoCentro Cultural Raiano, Idanha-a-Nova
05/10
João Bruno VideiraGaleria Castra Leuca Arte Contemporânea, Castelo Branco
05/10 a 14/10
Festival de Teatro de Idanha-a-NovaTeatro Estúdio São Veiga, Idanha-a-Nova
06/10
António Sala Câmara de Proença-a-Nova

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2022

Castelo Branco nos Açores

Video