AMBIENTE
Plataforma cívica criada para defender a Serra da Gardunha
Cidadãos pela Gardunha é a plataforma cívica que acaba de ser criada, como consequência do incêndio que afetou a Serra da Gardunha entre os dias 13 e 16 de agosto, para “ajudar a reerguer das cinzas o elemento que sempre os congregou, a Serra da Gardunha, através da disponibilização, imediata e para o futuro, de um corpo de voluntários disponíveis para, em conjunto com as entidades tutelares, colaborar em todo o tipo de trabalhos que seja necessário realizar, em espaços públicos e/ou privados cujos proprietários tenham como objetivo valorizar, promover e defender a nossa serra e para que, por inação ou desconhecimento, não se repitam os trágicos erros do passado”.
A plataforma adianta que “juntos, em prol de uma Serra da Gardunha unida, ordenada, biodiversa e sustentável é o lema pelo qual nos orientamos” e acrescenta que “é também nosso objetivo, funcionar como grupo de pressão sobre todas as entidades públicas que tutelam possíveis intervenções (ou a falta delas), sobre este território, no sentido de defender e salvaguardar os interesses ambientais, económicos e sociais, relacionados com a serra e com as suas comunidades”.
Nesse sentido, ontem, terça-feira, à noite, foi apresentado no Centro de Animação Social e Cultural de Louriçal do Campo o manifesto Por uma Gardunha Viva: Unida, Ordenada, Biodi-versa e Sustentável, que agora será apresentado “junto das entidades tutelares dos serviços públicos responsável pelo ambiente, florestas, agricultura, gestão e ordenamento da Serra da Gardunha”.
No manifesto é reivindicado que “o Instituto de Conservação da Natureza (ICN), a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC) e a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), ativem de imediato todos os planos ou programas de auxílio e intervenção e os ponham em prática no terreno; que o ICN, a APA, a DRAPC e a ANPC em conjunto com as câmaras de Castelo Branco e do Fundão, informem as populações de forma detalhada e continua quais as ações que estão a ser levadas a cabo, no imediato, para prevenção e/ou minimização de potenciais efeitos do incêndio. Ações tais como, as levadas a cabo para mitigar os efeitos erosivos dos solos provocados pelas chuvas, ações para estabilização de solos, limpeza de áreas ardidas, de entre outras; seja delineada uma Estratégia de Desenvolvimento Integrado Sustentável Comum, pelos municípios de Castelo Branco e do Fundão, em parceria com as entidades com competências para o efeito, para o território abrangido pela Serra da Gardunha, envolvendo as comunidades locais, e que sejam acionadas as determinações dos diferentes planos com impacto local e regional, tutelados pelos diferentes ministérios do Governo de Portugal, com ações efetivas e orçamentadas, vertidas para programas de implementação imediata e urgente, nomeadamente as identificadas nos planos de Defesa da Floresta contra Incêndios, Planos de Reflorestação e Rearborização, de entre outros”.
Entre as reivindicações está também que “não seja utilizada pelo ICN, a APA, a DRAPC e a ANPC, a recorrente desculpa/justificação de não terem meios disponíveis no momento. Não aceitamos essa justificação e exigimos atuação efetiva no terreno; seja criada uma entidade de gestão comum da Serra da Gardunha, ou potenciada, valorizada alguma existente, entre os municípios de Castelo Branco e do Fundão, com as competências necessárias para gerir a área da Serra da Gardunha em termos ambientais, florestais, turísticos, etc., e que seja dotada com as competências técnicas e executivas necessárias para o efeito. Exigimos integrar a o conselho diretivo e /ou órgão de gestão dessa entidade; seja criado, dinamizado e mantido um viveiro de espécie florísticas autóctones da Serra da Gardunha, para alimentar todas as ações de reflorestação e arborização da Serra da Gardunha”.
A isto acrescentam que “ o ICN, no âmbito das suas competências, não permitida, em áreas públicas ou privadas, a plantação e/ou propagação de espécies exóticas tais como o eucalipto (Eucalyptus sp.), pinheiro-bravo (Pinus pinaster), acácia (Acácia sp.), entre outras, e sejam levadas a cabo ações de eliminação e controlo das existentes; o ICN interdite a caça e restantes atividades cinegéticas, na área abrangida pelas freguesias afetadas pelo incêndio, nos próximos três anos, por forma ao restabelecimento do efetivo faunístico; as câmaras de Castelo Branco e do Fundão informem regularmente, através da Comunicação Social regional ou de outros meios que considerem oportunos, toda a informação sobre os diferentes programas de intervenção direcionadas ao território da Serra da Gardunha, nomeadamente, as ações levadas a cabo pela Associação Gardunha XXI, sobre a Área Protegida da Serra da Gardunha, sobre o Programa PROVERE e sobre todos os projetos que, tendo sido candidatos a fundos comunitários, em nome da Gardunha tenham tido aprovação e a respetiva aplicação no território; os municípios de Castelo Branco e Fundão informem as populações, regularmente, sobre o estado das ações que se encontram a desenvolver no terreno e as que decorrerão no futuro, criando um Livro Verde, e consequentemente um Livro Branco, da Gardunha, para que todos possam participar, estar informados e recolher ideias sobre e para o futuro deste território”.