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6 de setembro de 2017

João Carlos Antunes
Rentrée

Rentrée, um estrangeirismo que entrou já no nosso léxico, é o que se segue à silly season, outro estrangeirismo que é capaz de soar melhor que estação parva. A rentrée passa pelo pressuposto de que em agosto não aconteceu nada, para além dos fogos evidentemente, com toda a gente, incluindo os políticos a banhos.
Há a rentrée política e o regresso às aulas a marcar os primeiros dias de setembro. Com um início de aulas mais ou menos pacífico, se excetuarmos as queixas sobre prioridades nas colocações de professores e a falta de assistentes operacionais em algumas escolas que lhes pode por em causa o normal funcionamento. Por outro lado, as novidades a nível dos currículos e mesmo uma reorganização do ano letivo em semestres, como acontece no Ensino Superior, são por agora consensuais. Deseja-se assim que a abertura das aulas decorra de forma normal, sem grandes paragonas de jornal. Para bem de todos, em especial dos alunos.
E há a rentrée política. Todos os partidos parlamentares, sem exceção, aproveitam a altura para marcar a agenda política e reativar a militância dos seus seguidores, este ano por maioria de razão por estarmos a poucos dias do início da campanha para as Autárquicas. O PSD soube tirar proveito mediático da sua Universidade de verão que desde há alguns anos acontece em Castelo de Vide. Numa forma de mostrar abertura até tem convidado conferencistas de outras áreas políticas, em especial do PS, mas este ano usou apenas os pesos pesados da sua área. E o maior foi Cavaco Silva que quebrou um silêncio de meses para dar uma mão ao partido que foi seu durante décadas. E as acusações que fez, nomeadamente de censura, e as palavras que usou para atingir, sem nomear, o seu sucessor no cargo e a experiência governativa saída das últimas eleições não foram minimamente consensuais, apenas aplaudidas pelo núcleo duro do PSD, com alguns sociais-democratas a demarcarem-se e criticadas pela maioria dos analistas. Ele podia dizer o que disse? Podia, que vivemos uma democracia madura, sem censura, onde cada um pode exprimir as duas ideias sem receio de represálias e perseguições. Mas também o ressabiado presidente mais impopular da nossa democracia e os seus seguidores terão de aceitar as críticas, mesmo as mais duras, às suas ideias. E não se admirar da resposta que Marcelo sentiu necessidade de dar: “Se não há respeito entre Presidentes, não há respeito pelo povo”.
Para terminar, não podemos deixar de referir em Castelo Branco a rentrée cultural com o recomeço da excelente programação de cinema da Cultura Vibra no Cine-Teatro Avenida. Aproveitem!

06/09/2017
 

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