JOÃO CARLOS ANTUNES
O mundo está perigoso
O mundo está perigoso. Já começa a ser rotineira esta sensação, que se nos entranha no pensamento, de que estamos a viver um momento de vários perigos que põem em causa o nosso bem estar e estilo de vida. Comecemos pelo terror que aqui bem próximo de nós atacou mais uma vez, tão próximo que até nos tocou com a morte de uma avó que comemorava em Barcelona o aniversário com a sua jovem neta. Este terror tem cara e tem nome, que se associa ao islamismo radical, que tão mal faz ao mundo ocidental como ao verdadeiro islão, como sendo uma religião seguida por cerca de 25 por cento da população mundial. E hoje já há quem confunda terroristas com muçulmanos, ajudados pelas políticas de restrições migratórias como as defendidas por Donald Trump. Temos de estar preparados para enfrentar o terror e ainda que se diga que a melhor resposta que nós podemos dar é mostrar que não nos metem medo e que não mudaremos os comportamentos, o nosso estilo de vida em sociedade e em democracia. Por isso foi bonito ver o presidente e o primeiro ministro homenagear as vítimas do atentado, indo como cidadãos normais a uma esplanada nas Ramblas, recebendo o carinho daqueles que os reconheceram e compreenderam o gesto. Mesmo assim, inevitavelmente vamos sentir, já sentimos, algumas diferenças. Veja-se como o mundo mudou no pós 11 de setembro. As autoridades terão de criar todas as condições para garantir segurança dos cidadãos, para enfrentar com o possível sucesso as novas formas de praticar o terror, com poucos recursos e pouco sofisticados mas com resultados altamente mortíferos e dramáticos . Por isso aplaude-se a aplicação imediata em Lisboa, e outras cidades se seguirão, de obstáculos físicos no acesso de veículos a zonas pedonais. Sabemos que é uma luta difícil, mas temos de acreditar que, como nas novelas, o bem há-de triunfar um dia sobre a barbárie.
Mais uma trumpalhada. Por estes dias, grupos de supremacistas brancos, neo-nazis e repugnantes KKK manifestaram-se com toda a desfaçatez nas ruas da cidade americana de Charlottesville, no estado de Virgínia. Manifestaram-se como já há muito tempo não sucedia e fizeram-no porque sentem o apoio do presidente que ajudaram a eleger. Ecuriosamente , nos confrontos violentos entre as duas partes, um dos nazis usou a mesma técnica dos terroristas de Barcelona, ao lançar para os contramanifestantes o seu automóvel, matando e ferindo. Trump sabe que esta é a sua base de apoio mais fiel, por isso tratou de meter no mesmo saco este grupo de fascistas e todos os democratas que mostraram na rua a sua repulsa. Uma atitude que vai sair cara a Trump que se vê cada vez mais isolado na Casa Branca, com conselheiros influentes a debandarem e a não quererem ver o seu nome associado a mais esta trumpalhada.