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21 de junho de 2017

MARIA DE LURDES GOUVEIA BARATA
RECUSAR O ACORDO DE PARIS DENUNCIA UM MAU CARÁTER OU UMA ESTÚPIDA IGNORÂNCIA?

O plano mundial sobre o aquecimento global e as alterações climáticas dá conta da preocupação dos homens em defesa da sua casa, o planeta Terra. Para isso houve estudos e basta tão só observar a olho nu os seres humanos mascarados que se movimentam em certos dias por cidades com níveis de poluição elevadíssimos, envolvidas naquele nevoeiro de mau prenúncio sem deixar que os prédios se recortem num horizonte limpo. Sim, o céu está sufocado. Por isso, concretizaram-se esforços solidários em defesa do bem comum, que é a preservação da Terra. Os homens juntaram-se na Cimeira da Terra para calafetar os buracos do barco em que viajam – o homem destruiu o navio que o conduz, disse Cousteau. Nos anos 90 começou a movimentação positiva em prol do futuro do planeta e apenas vou referir alguns exemplos como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUAC), o Protocolo de Quioto em 1997 - compromisso de 2013 a 2020 para redução das emissões prejudiciais em 20%, exigindo medidas. Os EU nunca assinaram, outros não estiveram presentes no 2º período do compromisso (Rússia, Japão, Nova Zelândia) e o Canadá retirou-se antes do final do 1º período do compromisso. O Acordo de Paris, de 12 de Dezembro de 2015, veio responder a uma necessidade urgente de continuação da luta pela protecção da Terra.
Todavia, a mediocridade dos homens, a falta de inteligência e sensibilidade, que entra mesmo no reino da estupidez, levou a que mais uma vez o famigerado Donald Trump assumisse o não ao Acordo de Paris, com atabalhoada e cínica desculpa de precisar de revisão esse Acordo (já 195 países aderiram!), porque tinha de defender a economia e os cidadãos americanos. Afirmar que não assina o Acordo «para proteger a América e os seus cidadãos» é fazer demonstração de prova dos limites do seu raciocínio… Mas porque não lhe explica alguém com um exemplo prático como se faz com alunos do 1º ciclo, que lhe sirva de cotejo para uma generalização? Por exemplo: num prédio, os habitantes põem demasiada água a correr nos  terraços, que estão cheios de flores; inundam os andares dos vizinhos, que começam a ter objectos apodrecidos e paredes a enfraquecerem e um dos que prejudicou mais refila perante a necessidade de remedeio: não me interessa, eu defendo a minha casa e os meus. O exemplo é simples, talvez entendesse…
Os EU são o segundo maior poluidor do mundo (o primeiro é a China) e o seu representante não sente a responsabilidade de ter de fazer algo para emendar e tentar consertar um pouco o que ajudou muito a estragar. É o mesmo Trump que afirma «Eu não posso aprovar um acordo que pune os Estados Unidos». E os Estados Unidos não deram o grande contributo para uma punição da Terra? Aquela boquinha que faz um O pequenino de mimo como se fosse deitar um ovo de perdiz, aquela boquinha mimalha de criança mal educada e habituada a fazer o que quer, num egocentrismo de condição infantil, os olhos pequeninos semicerrados a comunicar uma inteligência pequenina e a pala platinada-alaranjada do cabelo, espécie de toldo da tal boca pequenina…, todo este conjunto disse não…  É este Donald Trump que pune o mundo inteiro com a sua «América primeiro», é ele que faz um ataque internacional pondo em perigo a Terra, não dimensionando o risco e a ameaça a toda a humanidade. Não valeram os apelos, dirigidos a Trump, dum conjunto de líderes de empresas americanas (Apple, Google, Walmart, ExxonMobil, BP e Shell) para se manter no Acordo, nem a Carta de 800 cientistas a pedir medidas para combater as alterações climáticas. Surdinho, surdinho, soberbamente confiado no seu discernimento soberano!
Este Junho regista o dia 5 como Dia Mundial do Ambiente, o dia 8 como Dia Mundial dos Oceanos, o dia 15 como Dia Mundial do Vento, o dia 17 como Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação. Porém, nada deste alerta e de outros alertas valem para Donald Trump, porque, como diz Albert Camus, «a estupidez insiste sempre» e, como diz Johann Goethe, «nada mais assustador que a ignorância em acção».



21/06/2017
 

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