| Ano |

Error parsing XSLT file: \xslt\NTS_XSLT_Menu_Principal.xslt

2 de agosto de 2017

Valter Lemor
A TRUMPIZAÇÃO

Hoje muitos se perguntam: como foi possível os EUA elegerem Donald Trump? Afinal o homem parece um ser primário que age por impulsos pouco ou nada refletidos, parece não pensar no que diz, não se importar com a falta de rigor nas suas afirmações, não admitir sequer as suas contradições e não refletir sobre as consequências das suas decisões. Tudo isto são, aparentemente, características que não abonariam a favor de um político nas democracias maduras, em que se incluem os EUA. Mas, afinal, não foi assim que aconteceu.
O argumento que noto ser mais usado é o do perfil de ignorância do americano médio e da sociedade americana mais profunda. Ora este argumento é digno do trumpismo. É um argumento que, sem parecer muito, está assente no preconceito, no estereótipo, na xenofobia (eles e nós). O trumpismo é exatamente isso. Argumentação que parece óbvia, porque apela, não ao pensamento ou ao raciocínio, mas somente ao sentimento primário e instintivo.
Trump não é mais do que o último expoente do uso da demagogia e do populismo na ação política. Tal não é novo, aconteceu em toda a história. Sempre houve políticos populistas e demagogos. Mas, ao nível da presidência dos EUA, ainda nenhum tinha ousado antes tanto como Trump. E a expansão dos partidos xenófobos na Europa, mas também dos partidos antipolítica, todos assentes no uso da demagogia como principal instrumento de ação política, quer à direita, quer à esquerda (sim, porque o movimento não existe só à direita, havendo vários novos partidos e movimentos de esquerda nessa circunstância), mostra que a trumpização não é exclusiva dos americanos.
Parece-me que a principal razão deste movimento assenta na comunicação social e nas redes sociais. A vertigem da rapidez e da concorrência foi conduzindo a comunicação social para o caminho da simplificação da mensagem e logo do próprio mundo. Grande parte das notícias e reportagens são hoje escandalosamente maniqueístas. Há bons e maus. E os maus mais a jeito são, em regra, os políticos. Mesmo quando a notícia não é política, na maioria das vezes, tenta dualizar os intervenientes e criar o confronto para levar o destinatário a tomar posição. Quase sempre através do uso do sentimento primário e não do raciocínio informado. É muito instrutivo e esclarecedor ver os comentários online dos jornais de referência. Nove em cada dez comentários revelam reações de grande primarismo e argumentários xenófobos e estereotipados ou completamente ausentes de racionalidade.
Por outro lado, a completa democratização das redes socias exponenciou enormemente o fenómeno. Quando se torna possível dizer tudo o que se quer, sem contraditório ou responsabilidade social, verifica-se a tendência de grande parte das pessoas para a trumpização. Pode mentir-se e até criar falsas notícias e até falsos contextos. A contaminação da comunicação social por este fenómeno tem vindo a acentuar-se, com a consequente degradação dos códigos de ética do jornalismo.
Portugal tem, apesar de tudo, resistido mais do que outros países à trumpização da política e da comunicação social. Mas, os recentes acontecimentos relativos aos fogos em Portugal, desde as reportagens explorando em direto e em diferido a dor e os sentimentos das pessoas e das famílias até à ação política arrepiante de alguns responsáveis, designadamente do PSD, parecem mostrar que a trumpização está a entrar em força no país.
Veremos se é só um efeito do Verão ou se vem para ficar. Mas, os sinais são preocupantes.

O BE E A AM
PS – O deputado municipal do BE resolveu fazer-me um ataque público, na minha qualidade de presidente da Assembleia Municipal. O ataque respeita à forma como conduzi a última reunião da AM. Quanto ao ponto em questão, o senhor deputado queria que eu decidisse no seu estrito interesse e nos precisos termos que ele próprio queria impor. Eu coloquei o assunto à decisão da Assembleia (até porque o pedido tinha incorreções regimentais). O senhor deputado acha que isso foi antidemocrático. Democrático, segundo ele, seria fazer exatamente o que ele queria. São conceções de democracia. Que dizem muito, aliás, das verdadeiras convicções que cada um tem da mesma. E é bom dizer que, o senhor deputado municipal do BE, apesar de ter a menor representação eleitoral, foi o que maior número de vezes e durante mais tempo interveio na sessão, designadamente para expor exaustivamente o assunto em causa. Suponho que esta conceção de democracia, em que ele tem direito a intervir mais do que os outros, já lhe agradou, porque não protestou relativamente à mesma!
Sabendo que estamos em tempo pré-eleitoral e que o Bloco de Esquerda está perante um sério desafio de prova de vida nas próximas autárquicas pode perceber-se melhor a atuação, nomeadamente para os que acham que nestas circunstâncias o principal instrumento de ação política deve ser a demagogia.
Comento esta questão neste espaço, dado que não fui questionado por nenhum jornal sobre as declarações do citado deputado municipal.

02/08/2017
 

Outros Artigos

Em Agenda

 
09/11 a 21/12
O Rosto do Lugar, O Lugar do RostoGaleria Castra Leuca Arte Contemporânea, Castelo Branco
30/11
Feira Despacha BagagemPraça 25 de Abril, Castelo Branco
tituloNoticia
23/11
Associativismo - Que futuro?Fórum Cultural de Idanha-a-Nova
25/11
Conversas no CaminhoMuseu de Arte Sacra da Santa casa da Misericórdia de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2022

Castelo Branco nos Açores

Video