RETROSPECTIVA PATENTE NO CENTRO DE CULTURA CONTEMPORÂNEA DE CASTELO BRANCO
Cristina Rodrigues em modo Albicastrense
O Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco (CCCCB) tem patente, até 10 de dezembro, a exposição de Cristina Rodrigues intitulada Retrospectiva, que é comissariada pela britânica Tara Aghdashloo.
Uma mostra que, afirma a artista, “reúne o trabalho de 2010 até 2017”, tratando-se da “primeira exposição com um percurso por estes sete anos de trabalho”.
Em Retrospectiva podem ser apreciados muitos dos trabalhos mais conhecidos da artista, mas também outros novos, abrindo ainda a possibilidade de ver a coleção de desenhos de Cristina Rodrigues e dos quais partiu para outras obras, revelando que “não costumo mostrar os meus dese-nhos, mas aqui sim”.
Entre estes desenhos estão, por exemplo, os das obras têxteis em Bordado de Castelo Branco, que a partir de 17 de setembro cobrirão os altares da Catedral de Manchester, no Reino Unido.
O percurso pela exposição começa na obra Urban Dwellers. Uma instalação que envolve uma parceria com a Fly London, uma empresa da área do calçado, que disponibilizou à artista qualquer coisa como 260 sapatos.
Cristina Rodrigues confessa que esta é a obra “com mais carga emocional. É uma das peças mais marcantes que tenho produzido nos últimos tempos” e em relação à qual afirma que os sapatos “são um dos maiores símbolos das pessoas e a forma como estão colocados, parece um exército de pessoas em direção ao futuro”. Tudo isto, com a presença da denominada “manta mãe”, que é formada por 72 rosetas, feitas à mão, em crochet, cada uma com 100 metros de fita de cetim.
A visita continua pelos desenhos do estudo das obras para a Catedral de Manchester, passando depois por La Passion, Deserto, Catedral, The Lovers e Home is the cathedral of life, com Cristina Rodrigues a destacar que “a exposição reflete o que é a minha postura perante a vida”.
Patentes pela primeira vez estão alguns trabalhos de Cristina Rodrigues da coleção desenhada para a Ferreira de Sá, que é uma empresa de fabrico de tapeçarias de luxo líder na Europa.
As obras são inspiradas no Bordado de Castelo Branco, com Cristina Rodrigues a avançar que “é aqui que dizem que já se nota a influência de Castelo Branco”.
Este é um conjunto de obras em que se destaca a tapeçaria “inteiramente manual”, que foi “inspirada num anjinho que está no Jardim do Paço”.
Resultado do envolvimento com as empresas Fly London e Ferreira de Sá, Cristina Rodrigues fala no “casamento entre a arte e a indústria”, em que “as colaborações permitem outro tipo de inovação nas obras”, pelo que considera “importante a colaboração com estas empresas”. Fruto disso, a artista afirma que na exposição também “se conta a história de Portugal, do que é ser Português, das pessoas que têm energia para levar as suas empresas para a frente, mas também de pessoas como as bordadeiras”.
Com tudo isto, conclui, é possível “conhecer-nos a nós próprios e conhecer o nosso país”.
AT