DEVIDO AOS INCÊNDIOS, AO CALOR E À SECA EXTREMA
CERAS regista entrada recorde de animais
O Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS) está a registar, segundo avança a Quercus, “um aumento fora do normal nos ingressos de fauna ferida selvagem”. Uma situação que tem sido originada “pelos grandes incêndios florestais, associados à vaga de calor e seca extrema”.
Em nota enviada à Comunicação Social é recordado que o CERAS “recebe, em média, cerca de 200 animais por ano. Na semana passada este número já tinha sido ultrapassado com 250 entradas, sendo que ainda estamos a metade do ano, pelo que é expectável que este número duplique até ao final de 2017”.
É também destacado que “nas últimas semanas chegaram a estar ingressados em recuperação mais de 90 animais em simultâneo, sendo que de momento se encontram cerca de 50 animais internados, de espécies tão diferentes como cegonhas, abutres, mochos, abelharucos, várias espécies de águias, esquilos, entre muitas outras”.
É igualmente referido que “todas estas espécies selvagens são protegidas por lei e algumas delas encontram-se em perigo crítico de extinção como a rara Águia-imperial-ibérica com uma população em Portugal de apenas 13 casais. Todas estas espécies têm um papel ecológico de regulação muito importante nos ecossistemas e contribuem para o controle de pragas e doenças”.
Os animais têm chegado ao CERAS através das autoridades responsáveis pela recolha de fauna, como o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR) e do Instituto da Conservação da Naturesa e das Florestas (ICNF), mas uma parte significativa também tem sido entregue por particulares.
Apelo ao apadrinhamento
de animais
Perante este aumento significativo de ingresso de animais a Quercus “apela ao reforço no voluntariado, para ajudar as equipas existentes, em particular aos fins de semana. Atualmente as tarefas diárias no Centro passam por alimentar crias de três em três horas, realizar tratamentos e preparar a alimentação dos animais, limpeza e manutenção de instalações ou ajudar nas ações de sensibilização e devolução à natureza dos animais recuperados. Para ajudar pode tornar-se voluntário, fazer um donativo em dinheiro ou em géneros ou ainda apadrinhar um animal em recuperação.
Neste último caso a Quercus recorda que o apadrinhamento de um animal é uma forma original de conhecer e colaborar na preservação de diferentes espécies de fauna selvagem. Os padrinhos tornam-se membros ativos na dinamização da recuperação de animais selvagens em Portugal e recebem em troca um certificado de apadrinhamento, a informação da evolução da recuperação do seu animal e podem assistir à sua libertação, quando chegar a altura de o devolver ao meio natural. Alista de animais para apadrinhar está disponível em http://tinyurl.com/hq84r9a.
Como agir perante animais
selvagens feridos
A Quercus deixa ainda algumas indicações de como se deve agir, quando se encontra um animal selvagem ferido, destacando que “é preciso ter algum cuidado, porque o animal está assustado e, apesar de estar ferido, pode atacar e magoar quem se aproximar”.
Assim, quem encontrar um animal ferido deve a aproximar-se com cuidado e cobrir o animal ferido com uma toalha ou pano, de modo a privá-lo da visão e para que não o possa ferir enquanto o apanha; se tiver uma caixa de cartão, de preferência pouco maior do que o animal, coloque-o lá dentro, perfurando-a previamente. Se não tiver, enrole a toalha que usou à volta do animal, para lhe limitar os movimentos, de forma a proteger-se a si e a ele próprio. Se tiver luvas grossas, de cabedal ou de jardinagem, use-as.
De seguida deve contactar as entidades competentes para procederem à recolha do animal e o encaminharem para os Centros de Recuperação de Animais Selvagens mais próximo pelo SOS Ambiente, através do número 808200520.
Até à recolha mantenha o animal ferido num local calmo, escuro e aquecido. Evite contactos excessivos. Não lhe dê alimento nem medicação. Recolha todas informações sobre o local e condições em que o encontrou (ex: junto a uma estrada, linha de água, reserva de caça, linha elétrica, etc) e se não se sentir confortável a manipular o animal ferido, contacte diretamente o SEPNA e vigie-o, para garantir que ele não se esconde antes de chegar ajuda.