Conferência sobre a floresta reúne mais de 200 participantes em Proença-a-Nova
“Uso do pinheiro bravo para produção de energia tornar-se-á inviável”
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), João Paulo Catarino, disse, sexta-feira, durante a sessão de abertura da conferência Floresta e Território - Riscos, Economia e Políticas, que a utilização do pinheiro bravo para produção de energia tornar-se-á inviável para a indústria a curto prazo e para o País, a médio prazo.
João Paulo Catarino, que falava no Centro de Ciência Viva da Floresta (CCVF) de Proença-a-Nova, foi taxativo e disse que a utilização do pinheiro bravo, “exclusivamente, ou quase, como cultura florestal para a produção de energia tornar-se-á para o proprietário e para a indústria a curto, e para o País a médio prazo, inviável”.
O presidente da CIMBB e da Câmara de Proença-a-Nova voltou a defender a necessidade de políticas e a criação de estratégias para o setor florestal e o apoio aos proprietários e pediu alguma ousadia.
“Sejamos ousados e pensemos para daqui a 30 ou 40 anos, caso contrário no âmbito da cultura do pinheiro bravo, continuaremos a ser apenas recoletores, como já eram os nómadas, vamos recolhendo o que a natureza nos vai dando, quando dá”.
A resinagem foi outro dos assuntos abordados pelo presidente da CIMBB que disse que atualmente o País importa mais de 80 por cento da resina que transforma, o que a torna numa das culturas mais competitivas e a “única que permite um rendimento anual periódico ao proprietário”.
Em representação da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, nesta conferência, esteve a presidente do Instituto da Conservação da Natureza (ICNF).
Paula Sarmento referiu que apenas 2,5 por cento das propriedades florestais portuguesas são propriedade do Estado.
“Atendendo ao regime de propriedade privada dominante, a melhor política de gestão das florestas para valorizar a sua função de conservação da natureza e de salvaguarda da biodiversidade passa obrigatoriamente por garantir a viabilidade económica dos sistemas de produção. Só assim é que a floresta pode cumprir o seu desígnio”, adiantou.
A responsável do ICNF explicou que as alterações sociais que se verificaram no País, nos últimos anos, tiveram um impacto profundo na gestão da floresta e sublinhou a importância social que o setor tem para o País, gerando mais de 110 mil postos de trabalho.
A encerrar a conferência, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) alertou para a necessidade de ocupar o território, requalificar as pessoas e incentivar o investimento na fileira.
Ana Abrunhosa elencou uma série de medidas previstas no próximo Quadro Comunitário de Apoio (em vigor até 2020), nomeadamente o Plano de Desenvolvimento Regional (PDR), que define os instrumentos de apoio financeiro para a fileira e que abrangem áreas como a proteção e reabilitação do espaço, a prevenção do risco de incêndio e ações de estabilização nas fases posteriores aos fogos florestais, bem como apoios para a beneficiação da floresta.