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20 maio 2015

Maria de Lurdes Gouveia Barata
Maio entre a natureza e o humano

Beleza no esplendor do colorido das flores e dos verdes no Maio quente de sol e um pouco aflito com a temperatura elevada não usual, eis o que os nossos sentidos alcançam neste correr de tempo cada vez mais apressado. Não é exclusivamente meu este sentimento da fugacidade e de tudo nos escapar por entre os dedos como a água corrente. Não é paradoxo: dirão alguns que disparate, o tempo corre sempre da mesmo modo, mas a impressão que temos é que é cada vez mais rápido, passa por nós e não damos conta, passa pelos acontecimentos numa velocidade perturbadora de mudanças sucessivas, mudança atrás de mudança sem ser assimilável a mudança anterior que já passou para outra mudança. É a relatividade que a própria vivência impõe. Penso que já falei uma vez da história de Einstein para explicar, quando interrogado, a teoria da relatividade: “Quando um homem se senta ao lado de uma bela mulher durante uma hora, parece que não dura mais que um minuto. Mas quando se senta sobre uma grelha quente durante um minuto, parece que durou mais do que uma hora. É isto a relatividade”.
A beleza de Maio traz uma tradição que está a ser revivida em várias localidades de Portugal: as Maias, celebradas com enfeites de flores, predominando as giestas floridas, engalanando janelas, portas e varandas, vestindo-se crianças e adultos de flores. Celebrava-se de 30 de Abril para 1 de Maio. Rapazes e raparigas iam aos campos com acompanhamento musical e cada rapaz enfeitado de flores era um Maio, Maio-Moço. O espanejamento da Primavera com toda a manifestação da fertilidade e da vida está implícito nas Maias, também representadas por bonecas de palha à volta das quais se dançava. Dançavam muito as raparigas casadoiras. Bem perto de nós, as marafonas de Monsanto assumem também o poder da fertilidade, colocadas sobre a cama, esconjuram maus olhados e protegem das trovoadas. As marafonas não têm olhos: nada vêem, não têm boca: nada dizem, não têm ouvidos: nada ouvem, para preservar a vida do casal e a sua fertilidade.
Nos antípodas da exaltação colorida e odorosa de Maio fulgurante de beleza estão os factos que têm a ver com os homens. Este Maio trouxe-nos os resultados das provas dos professores, que Nuno Crato diz que «são provas destinadas a candidatos e não a professores». Malabarismo verbal descarado ainda quando afirma que «os docentes contratados com menos de cinco anos de serviço também são obrigados a realizar a prova» (lembram-se que no início ele falou em menos de dez anos de serviço?). Mas são candidatos ou já são docentes?! Todavia, o ministro sabe bem que  há docentes contratados que ainda não têm 5 anos de serviço, mas estão há 10 ou 12 anos na docência com horários incompletos ou colocados a tempo parcial, por isso não perfazendo contagem para 5 anos de serviço ou para entrar na carreira. Já eram docentes, professores (com carta profissional de professores outorgada por instituições de ensino superior), mas o Ministro transformou-os em candidatos… expulsando dos concursos uns quantos reprovados. Já disse uma vez e repito: poderia, a seguir à obtenção do diploma, antes de começarem a dar aulas, fazer-se uma prova de aferição de avaliação de Instituições de Ensino Superior, não assim. E não vou comentar as provas para não estragar mais a beleza de Maio.
Ironia do destino: ainda as imagens televisivas da procissão do adeus à Senhora de Fátima entretinham os olhos e já o locutor anunciava outro adeus obrigatório à normal ortografia da língua portuguesa, tornando o novo acordo ortográfico obrigatório a partir deste 13 de Maio. Na prática, proclamamo-nos orgulhosamente sós! Sem dúvida imposição de alguns. Eu, que tenho a liberdade de professora aposentada, continuarei com a percepção do meu acto de recepção da língua e não receção, diferente (mas…) de recessão (mas os brasileiros escreverão recepção, porque pronunciam o p…  A evolução natural da língua demora tanto!) pelo muito amor que tenho à língua portuguesa. Por isso, hoje termino assim: escrevo com a antiga ortografia portuguesa.

20/05/2015
 

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