Joaquim Martins
Dia das Comunidades Portuguesas
Dia das Comunidades Portuguesas – O 10 de junho vem lembrar-nos uma dimensão do “ser português “a que a crise deu novo fôlego e amplitude. A dimensão da nossa diáspora. Antigamente “por mares nunca dantes navegados”, agora por rotas já abertas e exploradas. Antes, à aventura da descoberta de “novos mundos”, “por vontade de el-Rei”, agora, e como no século passado, à procura de pão e de um lugar de realização pessoal.
O País de abril voltou ao País de antes, que Ramos Rosa descrevia assim: “Meu País de palavras. País de pedra. Que atravesso, país que treme, hesita, rompe. Nu. Vivo. Pobre.” – e… o êxodo recomeçou…
Portugal tem, espalhados pelo mundo, 2,3 milhões de nascidos em Portugal, segundo os dados dos consulados, divulgados, esta semana, pelo secretário de Estado das Comunidades. A este número, há que juntar um outro número, um pouco superior, que é o daqueles que, não tendo nascido em Portugal, têm a nacionalidade portuguesa. No total, segundo José Cesário, teremos cerca de cinco milhões. O que implica, e concordo com o secretário de Estado, que Portugal “tem que assumir-se como País de Comunidades” e agir como tal. É pena que, reconhecendo que essa presença no mundo “é um ativo político, cultural, económico, diplomático, social”, que deve ser olhado numa “ótica de aproximação”, não reconheça também a necessidade urgente de melhorar os apoios ao ensino da Língua e Cultura Portuguesa. Não basta a existência de um Conselho das Comunidades Portuguesas e que, em cada ano, o Presidente da República distinga alguns portugueses da diáspora. É preciso mais.
Camões, que também celebramos, exigiria, no mínimo que nas Comunidades Portuguesas se possa aprender Português e a amar a cultura do País.