Joaquim Martins
A coragem de dizer não!
A coragem de dizer não! – A Grécia deu uma lição clara. À União Europeia. Às instituições comunitárias. Aos líderes de muitos países. Disse não, apesar das pressões, do clima de medo instalado, do inferno prometido, se ousassem desobedecer. Disse não, ultrapassando divisões e incertezas. Disse não, apesar de terem tentado convencê-los de que o não ao Programa significava dizer não ao Euro e à Europa. Disse não, para ajudar a salvar a Europa. Para lhe dar uma oportunidade de regenerar-se. De ser uma verdadeira comunidade.
Veremos se a coragem de um povo é capaz de alterar o ponto de vista dos burocratas e dos mercadores da Europa. Veremos se o respeito pela democracia ainda tem peso na dita União Europeia.
Julgo que a maioria das visões negativistas, quanto às propostas do Governo da Grécia, seja a visão aritmética do 19-1=18, ou a versão dos contos de crianças, ou a das conversas entre adultos, serão ultrapassadas pela visão firme e audaz do Governo e de um povo que quer continuar a pertencer à União Europeia e simultaneamente quer experimentar políticas diferentes. Mas porquê? Por que não ouvem as sábias instituições da Europa e do FMI? Por uma razão simples: falharam todas as políticas que lhes impuseram, que só trouxeram mais dívida, mais desemprego e mais miséria.
O Governo Grego venceu e tem a seu lado mesmo a Oposição que se bateu pelo SIM. A estratégia alemã e dos seus mais fiéis seguidores, visando derrubar um governo de esquerda que não lhes desagrada, perdeu.
À hora que escrevo o Eurogrupo ainda está reunido e os sinais que têm sido emitidos continuam dissonantes. É a oportunidade de a Europa se redimir e retomar o Projeto Europeu: Um espaço comum, com uma moeda única, em que as relações entre os países visam o bem-estar comum, a cooperação, a estabilidade, a livre circulação e a interajuda ou seja criar uma COMUNIDADE DE CIDADÃOS EUROPEUS.